Após 25 anos como repórter de campo, Luiz Ceará aproveita o “alívio” de ser apresentador

Vida de repórter de campo, segundo Luiz Ceará, não é nada fácil. Em mais de 25 anos de profissão, ele cansou de tomar choque na boca e pilha na cabeça. Isso, ressalva, sem falar nas chuvas torrenciais e nos fortes ventos que teve de enfrentar para levar as emoções do campo para dentro da casa do telespectador. Por isso mesmo, foi num misto de orgulho e alívio que ele recebeu o convite da Band para assumir o lugar de âncora de Jorge Kajuru no comando do Esporte Total. “Eles tinham de chamar alguém com a mesma credibilidade do Kajuru. Nunca aceitei centavo de dirigente nenhum e olha que já me ofereceram muito dinheiro…”, valoriza.

Aos 54 anos, Ceará fala com entusiasmo das três Olimpíadas e três Copas do Mundo que já cobriu. Na da Itália, por exemplo, em 1990, chorou copiosamente a derrota do Brasil para a Argentina nas oitavas-de-final. “Nunca me senti tão mal em toda a minha vida”, dramatiza. Quatro anos depois, ele voltava a chorar pela seleção brasileira. Só que, dessa vez, de alegria. Ele estava ajoelhado atrás do gol de Taffarel quando o italiano Roberto Baggio chutou aquela bola para fora. No meio de tanta emoção, não sabia se chorava ou comentava os pênaltis. “A profissão de jornalista é igual à de médico ou à de padre. Como parto ou extrema-unção, notícia também não tem hora para acontecer”, compara.

P –

Como você analisa sua estréia como âncora do Esporte Total?

R –

Sempre quis ser apresentador. Mas sempre achei que não tivesse experiência suficiente para tamanha responsabilidade. Hoje, leio o “tele-prompter”, mas também comento a matéria. Repórteres como Renato Machado, Carlos Nascimento e Roberto Cabrini, todos eles viraram âncoras. E por quê? Porque todos eles têm credibilidade. Todos eles têm uma história para contar. Nenhum começou ontem…

P –

Qual foi o seu “gol de placa” como jornalista?

R –

Ah, sem dúvida, foi a final da Copa do Brasil entre Grêmio e Corinthians que fiz para o SBT… Sabe lá o que é dar 50 pontos numa emissora em que o dono não gosta de futebol? Eu brincava que o Silvio Santos ficou a vida inteira para dar aquela audiência e não conseguiu. Nunca ninguém conseguiu um ibope daquele tamanho no SBT. Foi a maior audiência da emissora até hoje.

P –

Das três Olimpíadas que você cobriu, qual delas foi a inesquecível?

R –

A de Seul, sem dúvida. Quando o judoca Aurélio Miguel ganhou a medalha de ouro, levamos ele para a Vila Olímpica e fizemos uma festinha num “pub” que havia por lá. Eu e outros repórteres, na ocasião, montamos a Brazilian Broadcasting Band. Tocávamos todas as noites no “pub” em troca de umas cervejinhas. Naquele dia, desfilamos com o Aurélio pelas ruas da Vila Olímpica. Como já era tarde da noite, voaram alguns sabonetes em cima da gente…

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