Marcos Paulo não esconde que sentia saudade de ficar frente às câmaras. Desde 1992, quando viveu Sérgio Santarém em Despedida de Solteiro, ele passou a se dedicar exclusivamente à direção e fez apenas participações ocasionais como ator. Não fosse a insistência do autor Antônio Calmon, nem ele mesmo sabe dizer quando voltaria a atuar. “Ele estava me cantando desde O Beijo do Vampiro'”, valoriza Marcos, com um sorriso sedutor. Depois de passar “incólume” pela primeira trama do autor que dirigiu, o ator acabou cedendo em Começar de Novo. “Construímos a história juntos desde a primeira sinopse. Num certo ponto, falei para ele: ‘Se é para começar, acho que é agora'”, conta o intérprete do desmemoriado Miguel Arcanjo.
Além de Calmon, Marcos credita o retorno à cena também à diretoria da Globo, que o liberou da direção geral da novela. “Não dá para fazer tudo e fazer bem-feito”, sentencia o ator, que manteve “apenas” a função de diretor de núcleo. Mas ele confessa que ainda é preciso fazer um certo esforço para se “desligar” do contexto da cena e manter a concentração unicamente no personagem. “É inevitável, porque minha cabeça está treinada para isso. Mas tenho me policiado”, pondera, fazendo ar de quem “estudou a lição de casa”. De fato, basta uma cena da qual não participe para que Marcos grude os olhos no monitor para ver o que se passa. Ele observa tudo atentamente, anda de um lado para o outro e tenta resistir aos palpites. Mas tudo tem suas compensações. “Fazia muito tempo que eu não era tão paparicado”, dispara, bem-humorado.
Aos 53 anos, Marcos esbanja vitalidade e disposição. No último ano, emagreceu 15 quilos “Não pela novela, mas por mim”, frisa. E tem conseguido manter a rotina diária de exercícios físicos, mesmo com a dupla jornada de trabalho em Começar de Novo, que só lhe deixa parte dos fins de semana de folga. “Nesta profissão, é preciso ter disciplina. Do contrário, fica-se muito vulnerável”, opina, com jeito de quem sabe o que diz.
Para outra geração
Em 37 anos de carreira como ator, Marcos Paulo viveu alguns tipos que encantaram o público feminino, como Rodolfo em “Sinhá Moça” ou Basílio de Brito em “O Primo Basílio”. Voltando ao papel de galã em “Começar de Novo”, Marcos não teme a acolhida de seu antigo público, mas confessa uma pontinha de curiosidade quanto à repercussão junto aos mais jovens, que não se lembram dele atuando. “Até agora, não sei o que o público tem achado. Temos feito muitas viagens para gravar a novela e no tempo que sobra eu fico estudando os textos. Ainda não saí às ruas”, justifica o ator, que, depois da estréia na Globo, em A Próxima Atração, não saiu mais da emissora, onde fez também todos os seus trabalhos como diretor.
Por trás da câmara
Como diretor, Marcos Paulo não esconde sua satisfação por poder iniciar uma novela com gravações no exterior. Seu atual “desejo de consumo” é levar a equipe de Começar de Novo de volta à Rússia para as cenas finais da novela. “Principalmente se for no inverno, quando as imagens que vemos do país são belíssimas”, empolga-se. Não que a tarefa seja das mais fáceis. Escolado em gravações fora do país, Marcos garante que esta foi uma das mais difíceis. “Não dá para ler uma palavra nas ruas. Com o tempo, isso vira um sufoco!”, justifica. Mas, para o diretor, a chance de mostrar, através da tevê, um pouco mais do mundo e de seus habitantes não deve ser desperdiçada. “Além de ser um atrativo, tem um sentido didático. Você mostra determinadas coisas a pessoas que nunca teriam a chance de conhecê-las”, pondera.
Animado com os detalhes da produção, Marcos destaca ainda a possibilidade de gravar numa plataforma de petróleo, que ele fez questão de visitar na época da escolha das locações. “É a primeira vez que se grava uma novela num lugar como este”, valoriza. Além da “primazia”, foi a beleza do local que conquistou de vez o diretor. “É uma ilha de aço jogada no meio do oceano, com um azul que eu nunca vi. É mágico, hipnótico, dá vontade de pular naquela água”, derrama-se.