Thaís Fersoza: ?Quero ser reconhecida
pelo trabalho, e não pela vida pessoal?.

Sempre que inicia um novo trabalho, Thaís Fersoza fica insegura em relação ao personagem. Na época de Estrela-Guia, por exemplo, ela se perguntava como o telespectador receberia a rebelde Gisela, que impressionava pelo visual “clubber” e cabelos alaranjados. Em Agora É Que São Elas, a dúvida foi outra: será que o público vai aceitar o fato de Fátima se apaixonar justamente pelo “irmão postiço”? A resposta, Thaís teve na semana passada, quando gravou uma cena em que Fátima quase beija Vinícius, interpretado por Rodrigo Prado. “Os próprios câmaras chiaram: ?Meu Deus, esse beijo não sai nunca…?. Todo mundo torce pelo namoro dos dois”, conclui, aliviada.

De fato, a torcida pelo namoro dos “quase irmãos” de Agora É Que São Elas não se resume aos cinegrafistas da Globo. Por onde anda, a atriz ouve frases de incentivo, como “Lute por ele, minha filha, o amor de vocês é tão puro!” ou “Vá em frente, Fátima, vocês não são irmãos mesmo…”. Na trama de Ricardo Linhares, Fátima e Vinícius foram criados juntos desde criança. Para disfarçar o que sente, a moça vive às turras com o rapaz. “A situação não é nada fácil. Afinal, os dois moram sob o mesmo teto. Ela já cansou de ver ele de cuecas ou enrolado na toalha e ter de fingir que não está acontecendo nada. Tadinha dela…”, suspira.

Virada

Mas, nos próximos capítulos, Fátima vai dar a volta por cima. Cansada de sofrer calada com o namoro de Vinícius e Rosemary, personagem de Ildi Silva, ela vai começar a provocar ciúmes no rapaz. Para tanto, começa a aceitar os galanteios de Bruno, interpretado por Daniel Ávila. E mais. Em vez do figurino recatado de sempre, passa a ostentar generosos decotes. No lugar das botas de cano longo, a moça adere a sandálias bem femininas. “A Fátima é cheia de nuances. É como se eu interpretasse várias personagens numa mesma novela. Ator tem de ser plural, versátil…”, valoriza.

Versátil, aliás, Thaís Fersoza já demonstrou que sabe ser. Houve um tempo em que ela temia que seu rostinho de boneca fosse se transformar em motivo de preocupação. Afinal, desde que estreou na tevê em 1997, quando interpretou a ginasta Ângela, de Malhação, ela não fez outra coisa senão dar vida a boas-moças, como a recatada Ritinha, de Corpo Dourado, de Antônio Calmon, ou a romântica Érica, de Esplendor, de Ana Maria Moretzsohn. Até que a própria Ana Maria resolveu ir além das aparências em 2001 e escalar a jovem para o papel que ela considera seu grande “xodó”. “Quando eu fizer 40 anos, vou continuar afirmando que a Gisela é meu grande xodó”, garante.

Sem panelinha

Aos 19 anos, Thaís se orgulha de já ter trabalhado com os mais diferentes diretores, como Ricardo Waddington, em Malhação, Denise Saraceni, em Estrela-Guia, Jayme Monjardim, em O Clone, entre outros. “Com cada um deles, aprendi uma lição diferente. Essa é uma das vantagens de não se ter panelinha”, brinca. O talento de Thaís já chamou a atenção até de David Grimberg, diretor de teledramaturgia do SBT, que a convidou para protagonizar duas novelas na emissora de Sílvio Santos: Pequena Travessa e Jamais Te Esquecerei. “Se estivesse insatisfeita na Globo, até poderia pensar no caso… Acontece que não estou! O pessoal sempre valorizou o meu trabalho”, justifica.

Bem-resolvida, Thaís Fersoza jura que não perde noites de sono pensando no dia em que vai protagonizar uma novela na Globo. Para ela, muitos dos personagens ditos secundários podem aparecer tanto ou mais que os próprios protagonistas. “Em Estrela-Guia, comecei com cinco cenas por capítulo e terminei com 15”, exemplifica. A maturidade de Thaís não se reflete só na sua trajetória profissional. Coisa rara, a atriz faz questão de manter a discrição não gostando de freqüentar revistas de fofoca ou eventos sociais. “Muita gente recorre à vida pessoal para impulsionar a profissional. Honestamente, não preciso disso. Quero ser reconhecida pelo meu trabalho e não porque estou namorando fulano ou porque posei nua para não-sei-onde”, avisa.

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