Quando estreou, em 1999, o Caldeirão do Huck tinha como finalidade principal atrair o público jovem para as tardes da Globo. Hoje, nove anos depois, Luciano Huck reconhece que o programa passou por alterações que mudaram um pouco esse perfil, mas assume a responsabilidade pela maioria delas. O apresentador garante que participa o máximo possível de todas as partes que compõe o show e, por isso mesmo, procura se manter informado sobre o que faz sucesso nos canais nacionais e internacionais. ?O Caldeirão tem esse nome por estar sempre em preparo.
Nos renovamos para garantir isso, mas a linguagem continua a mesma, voltada para os jovens?, defende. Em 2008, Luciano pretende aproveitar o sucesso do quadro Soletrando para uma outra disputa, também entre alunos da rede pública nacional. No Calculando, com estréia prevista para o segundo semestre, os estudantes deixarão os dicionários de lado para participarem de argüições matemáticas. ?Ainda é muito cedo para falar sobre isso, mas estamos preparando uma mecânica diferente da que usamos atualmente?, adianta.
P – Apesar de ser voltado para o público jovem, atualmente o Caldeirão tem vários quadros onde os mais velhos são maioria, como o Lata Velha e o Lar Doce Lar. A idéia é mudar esse perfil?
R – O jovem ainda é a espinha dorsal de consumo e de hábitos de uma casa. Acho que abordar assuntos que interessam a esse público ajuda nos números de qualquer programa ou novela. Mas hoje estou com 36 anos, não tenho mais vinte e poucos. Atualmente o telespectador é mais atento do que há dez ou vinte anos atrás. Estou amadurecendo e vendo o tempo passar na tevê e faço um programa que me dá prazer. Para isso, nossa equipe pesquisa o que a família brasileira quer ver, e não só os jovens. Mas temos a preocupação de, mesmo com as mudanças de cada temporada, manter uma linguagem jovem e característica do nosso programa.
P – E qual é o termômetro usado para perceber o que a família brasileira quer ver? A audiência?
R – A gente tem essa cultura meio ?Silvio Santos?, de assistir em casa com atenção para ver se está bom ou não no ar. Ficamos de olho também no que as outras emissoras estão fazendo, sejam elas de sinal aberto ou fechado. No Carnaval eu viajei com minha família e passei quase que o tempo todo vendo tevê paga. Ali tem muita coisa que dá para inspirar a gente nisso. A audiência do programa também dá para tirar uma idéia. Não só pela média, mas pela variação ao longo do mesmo programa.
P – Qual é o quadro com mais audiência atualmente?
R – A nossa média gira em torno de 17 e 18, que é bem legal para esse horário porque nosso share fica em 45 %. Ainda não temos tantos dados de 2008 porque a programação está voltando ao normal agora, mas em 2007 o Soletrando chegava a dar picos de 26 pontos. É um aumento enorme e um quadro que consegue agradar público de todas as idades. O quadro é trabalhoso, mas dá um retorno ótimo e tem uma função social bacana.
P – A criação do Calculando é uma tentativa de manter isso também no segundo semestre?
R – É claro que a gente aproveita as idéias que dão certo, é assim que a televisão é feita. Mas acho que atingimos um resultado legal com o ?Soletrando? também na formação de vários alunos. São milhares de estudantes disputando a vaga para representar seu estado. Nesse ano foram mais de 2.500 escolas inscritas. O Calculando deve movimentar números semelhantes e estimular o estudo da Matemática. Tem os dois lados, é bom para a produção e para os telespectadores. Mas outros quadros também têm muita procura.
P – O Caldeirão do Huck explora, em alguns quadros, vários personagens com histórias tristes. Esse lado meio sensacionalista também aumenta a audiência do programa?
R – Não me interessa uma história triste, mas sim uma história boa. O personagem tem de ser sempre mais interessante do que aquilo que ele necessita. E a gente tem dificuldade para achar essas pessoas. Recebemos mais de meio milhão de cartas só no ano passado. Se a procura é grande, a aceitação idem.
Caldeirão do Huck – Aos sábados, às 14:35 h, na Globo.