De dois em dois anos, Cícero Rosa Lins, o Cícero, muda de casa. É assim desde que deixou de viver sob o mesmo teto que a mãe. Usava o fim dos contratos de aluguel para experimentar e descobrir um novo lar, rua e bairro. No último par de anos, deixou o Rio de Janeiro, mudou-se para São Paulo. Essa transição entre metrópoles, impactante, impulsionou a chegada de A Praia, em 2015, um álbum sobre saudade. Coincidentemente, no retorno ao Rio, no ano passado, Cícero passou a compor o que seria seu quarto álbum na carreira solo, Cícero & Albatroz, com o qual volta a São Paulo, agora como visitante – ou melhor, um ex-roommate – para lançar em um show no Cine Joia, casa de shows do centro da cidade.
“Talvez, invariavelmente, isso tenha alguma relação”, diz o artista. “Mas eu acho que mais fundamental é que cada disco acompanha uma turnê. E isso me traz novas vivências. Cada turnê muda meu ponto de vista sobre todas as coisas. Você se muda geograficamente todos os finais de semana.”
Cícero & Albatroz é o primeiro disco de Cícero de banda, embora o grupo Albatroz (nome tirado de uma canção do álbum anterior), acompanhe o carioca de 31 anos desde o início da carreira solo. A trupe é formada por integrantes de ótimos grupos do cena indie carioca, Ventre e Baleia.
Além de decidir voltar a morar no Rio – no bairro Laranjeiras -, Cícero também abriu seu som. Canções de Apartamento (2011), Sábado (2013) e A Praia (2015) são discos criados no apartamento dele, só, com arranjos levados prontos para a banda. Agora, em Cícero & Albatroz, a criação (a partir das guias de voz e guitarra) são coletivas. “O novo disco é sociológico, de uma observação mais ampla”, ele explica. Cícero encerrou a “Trilogia do Apartamento” e, agora, dá início a uma nova fase, com mais observação – uma nova trinca? A “Trilogia da Janela”?
CÍCERO
Cine Joia. Praça Carlos Gomes, 82, bairro da Liberdade, telefone
3101-1305. Sábado (20),
às 22h30. R$ 80.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.