Somente após assistir ao novo filme do diretor espanhol Pedro Almodóvar, “A Pele Que Habito”, que estreia hoje nos cinemas, é que será possível entender o comentário que Melanie Griffith fez sobre seu marido Antonio Banderas. Segunda ela, o ator ficou “estranho” durante as filmagens. No longa, Banderas interpreta o médico Robert Ledgard, cuja mulher se suicidou após sobreviver a um acidente de carro e ter a pele do corpo desfigurada pelas queimaduras.
Ledgard passou, então, a dedicar sua vida a pesquisar peles artificiais, que sejam resistentes a queimaduras, picadas de mosquito e arranhões. Caso a pesquisa fosse bem-sucedida, as aplicações para essa nova pele seriam múltiplas, desde para pessoas com queimaduras pelo corpo, como sua mulher, até para fins estéticos.
Baseado no romance “Tarantula” (1995), do escritor francês Thierry Jonquet (1954-2009), “A Pele Que Habito” é tão surpreendente que quanto menos o espectador souber sobre sua trama, melhor. Não é exagero afirmar que este novo longa de Almodóvar se trata de uma obra prima. O diretor deixou de lado sua tradicional estética kitsch e os exagerados cenários para ampliar uma outra características de suas obras: a polêmica.
Desta forma, o resultado é um filme de suspense, que prende a atenção do início ao fim. Na trama, o médico Ledgard pode ser considerado uma espécie de Frankenstein moderno, que usa como cobaia Vera, uma misteriosa mulher que ele mantém em cativeiro num quarto da casa. Que mulher é essa? Como ela chegou até esse médico? Por que ela se submete a essas contínuas cirurgias plásticas? As respostas a essas – e muitas outras – perguntas vão sendo dadas aos poucos. Além disso, a relação entre os dois carrega uma sufocante tensão sexual não consumada.
Almodóvar criou uma trama não linear repleta de flashbacks e personagens secundários que, no fim, mostram ter ligação. E, prepara-se: reviravoltas permeiam toda a história. Trata-se de um daqueles suspenses noir de tirar o fôlego.
Há duas décadas que Pedro Almodóvar e Antonio Banderas não trabalhavam juntos no cinema. Os dois praticamente começaram juntos a carreira. Almodóvar como cineasta e Banderas como ator. Este é o sexto trabalho da dupla. Não há como não destacar a excelente atuação de Banderas. O ator espanhol e Almodóvar parecem ter desenvolvido uma espécie de simbiose, em que o sucesso do trabalho de um é reflexo do outro.
A atuação de Elena Anaya, 36 anos, também merece nota. Ela interpreta a misteriosa mulher encarcerada na casa de Robert Ledgard. Outro destaque é a atriz veterana Marisa Paredes, que também retomou parceria com o diretor neste sexto filme dos dois juntos. Marisa, que já atuou em longas como “Fale Com Ela” e “Tudo Sobre Minha Mãe”, dá vida à governanta e cúmplice do médico. As informações são do Jornal da Tarde.