Pôr do sol, brisa fresca e um repertório calcado em standards do jazz gravados por Ella Fitzgerald, de Cole Porter, Gershwin e também de Tom Jobim: uma combinação que só pode dar certo. O público do Rock in Rio que veio disposto a dançar com Justin Timberlake no fim da noite e parou para ouvir o encontro de Maria Rita e Melody Gardot, no Palco Sunset, no entanto, foi castigado por problemas nos microfones e no som que perduraram por toda a apresentação.
Filha da MPB, Maria Rita se mostrou confortável ao interpretar monumentos da música norte-americana, como “Let’s do it”, “I’ve got you under my skin”, “The lady is a tramp”, “They can’t take that away from me” e “‘S wonderful”.
“Somewhere over the raimbow” foi um momento de comunhão com a plateia, por onde se via casais dançando de rosto colado. “Bewitched, bothered and bewildered” ela cantou em português, “Encantada”, versão de Carlos Rennó, que já havia gravado – outra dele, “Façamos”, de “Let’s do it”, também entrou no show. “Corcovado” e “Inútil paisagem”, de Tom, as cantoras dividiram, em português e inglês.
“Cantar esse repertório é um dos maiores desafios da minha vida. Aprendi a cantar com Ella Fitzgerald, ouvindo na adolescência. Com a minha mãe aprendi que esse instrumento muito técnico também emociona. São duas rainhas que eu carrego comigo”, contou a cantora, trajada de diva e acompanhada de grande banda. “É minha primeira vez no Rock in Rio, obrigada demais”, disse Melody, cria do jazz e do blues e apaixonada por música brasileira, em bom português. O show terminou com “Águas de março”, que remeteu ao antológico dueto entre Elis Regina e Tom, de 1974.