Há tempos o Globo de Ouro foi substituído pelos prêmios dos sindicatos como indicadores mais seguros para o Oscar. Mas este ano está mais difícil. O Sindicato de Atores premiou uma coadjuvante – Emily Blunt, por Um Lugar Silencioso – que não foi indicada pela Academia. O dos roteiristas premiou o script original de outro filme que também não foi indicado – Oitava Série -, o que motivou um tirada agressiva do vencedor, Bo Burnham, dirigida aos demais indicados. “Divirtam-se no Oscar, losers.”
A coisa não anda fácil para os cinéfilos. Podem-se seguir os indicadores, e a intuição, e apostar que Alfonso Cuarón ganhará seu segundo Oscar de direção – já venceu o prêmio do sindicato -, por Roma. Glenn Close será a melhor atriz por A Esposa, Rami Malek o melhor ator, por Bohemian Rhapsody, e Mahershala Ali, o melhor coadjuvante, por Green Book – O Guia. Mais difícil será cravar que Regina King vencerá como melhor coadjuvante por Se a Rua Beale Falasse, mas se não for ela, quem será?
A valer a indicação do Sindicato dos Produtores, Green Book será o melhor filme, mas, além de essa ser uma categoria em que todos os integrantes da Academia votam, o longa de Peter Farrelly tem recebido uma enxurrada de críticas por seu foco ‘branco’ na abordagem da questão racial. O negro que precisa do racista para se tornar um homem melhor? Francamente…
O Oscar, como a indústria do cinema e a própria sociedade dos EUA, vive uma fase de crise. Com a Netflix mudando o sistema de distribuição e exibição – e financiando grandes autores, como o próprio Cuarón -, o foco da Academia de Hollywood deixou de ser a sala de cinema. Um Oscar da mudança – e da resistência contra Donald Trump? Se não for Green Book, qual? Nasce Uma Estrela já perdeu tanto que não emplaca. Vice seria interessante, sobre o baixo clero da política, mas Pantera Negra, agora, teria mais glamour.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.