Anna Antonacci faz dois recitais na Sala São Paulo

“Minha carreira é marginal. E não estou nada preocupada com isso.” Anna Caterina Antonacci é assim. Mezzo-soprano italiana radicada na França, não grava discos, recusou contrato do Metropolitan de Nova York e canta basicamente o que quer. “Quem manda é minha voz. Quanto ao mercado, não estou preocupada”, disse na manhã de segunda-feira, em um hotel da cidade. Chegou no fim de semana e, hoje e quinta, canta na Sala São Paulo, dentro da temporada da Sociedade de Cultura Artística.

Nascida em Ferrara, ela não seguiu o caminho tradicional percorrido por tantos cantores de ópera italianos. Começou no coro e, sem formação específica, foi aos poucos interpretando papéis solistas. A princípio, muito bel canto, Donizetti, Rossini. “Confesso que nunca foi meu repertório preferido, são papéis em que me sinto presa, são muitas as restrições e isso me passa uma sensação de que aquela é música velha, parada no tempo.” Para os operários de plantão, declarações como essa podem soar como heresia digna de punição nas fogueiras da tradição lírica, mas ela não parece preocupada. Com o tempo, encontrou os autores barrocos. E sentiu-se em casa.

Nos dois recitais em São Paulo, em que será acompanhada pelo pianista Donald Sulzen, ela interpreta canções francesas e italianas. “Nasci na Itália, mas vivo na França e as duas culturas estão muito fortes dentro de mim. O que me atrai em especial é o casamento entre texto e música, essa harmonia tão difícil de ser conseguida. É o casamento entre Fauré e Verlaine, por exemplo, que me interessa, assim como o de Respighi com Bocaccio”, diz. Atriz consagrada, ela encontra também nesse repertório espaço para a interpretação. “O repertório de canções é uma faceta muito interessante da carreira de um cantor. Não há uma história, mas momentos, recortes, pequenos episódios. E o desafio é fazer o público compreender cada palavra, sentir a atmosfera que nasce da união entre música e texto.”

No palco lírico, o grande papel dos últimos tempos de Antonacci foi a cigana Carmen da ópera de Bizet. Ao lado do tenor Jonas Kauffman, a atuação no Covent Garden, em Londres, rendeu a ela comparações com Maria Callas pela imprensa britânica (o espetáculo está disponível em DVD). Na mesma época, a mezzo se indispôs com o Metropolitan de Nova York, maior casa de ópera do mundo. Eles a haviam contratado para cantar Dona Elvira, em Don Giovanni, mas a substituíram pela prima dona Angela Georghiu, e lhe ofereceram outros papéis na temporada. Antonacci não quis. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Anna Antonacci – Sala São Paulo (Praça Julio Prestes, 16). Tel. (011) 3258-3344. Hoje e quinta, às 21 horas. Ingressos: R$ 70/R$ 160.

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