A terra do fado rendida ao funk carioca. Público e jornalistas portuguesas consideraram a aguardada estreia de Anitta no Rock in Rio Lisboa, na noite de domingo, 24, o destaque do primeiro fim de semana do festival. Fãs que foram ao Parque da Bela Vista só para cantar e rebolar com a poderosa carioca brincavam, após a apresentação: “Bruno Mars é quem mesmo?” Parte da imprensa local também desdenhou do cantor havaiano, principal atração daquela noite, ao comparar as duas apresentações – depois de Anitta, “o resto foi paisagem”, publicou o Observador.

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“O sapo” disse que a carioca provocou um “embasbacanço” geral e que “o terremoto provocado deverá ter sido sentido em Madri”. Ela foi a “dona do festival, do país, dessa coisa chamada baile funk, das bundas, do ritmo. Prostremo-nos perante a sua realeza”, louvou o portal de notícias. O show de Demi Lovato (após o da brasileira) foi “demasiado genérico”, pontuou o Público, enquanto o de Anitta, a despeito da “sensualidade padronizada”, teve momentos “estimulantes”.

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O público português já ouve Anitta há mais de um ano. Vai Malandra chegou a figurar no primeiro lugar no Spotify no país, e outros hits cantados pelo público no domingo, como Downtown, Paradinha, Você Partiu Meu Coração, Sua Cara e Loka, estão nas rádios, em lojas, nos “telemóveis” dos jovens. Portuguesinhas rebolando até o gramado do parque e se dizendo funkeiras, com o melhor sotaque lusitano, eram avistadas por toda parte.

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Foi um repertório escolhido com a ajuda dos fãs – Anitta tocou o que a sua plateia queria ouvir. “Ainda não caiu a ficha para mim, às vezes fico surpresa, em choque. Até pararam minha mãe na rua”, ela contara na rápida entrevista dos bastidores. “Eu ‘tô’ muito realizada”, definiu, quando lhe perguntaram o que, depois deste apogeu, desejava para sua carreira. Hoje ela faz show em Paris; quinta-feira, em Londres. No horizonte, Colômbia e México.

Com este Rock in Rio Lisboa, iniciado sábado e a se concluir no próximo domingo (ainda cantam nomes como The Killers e Katy Perry), Portugal já recebeu mais edições do festival, nascido no Rio em 1985, do que o Brasil. As vivências nos dois países se complementam. Do Rio, foi exportado o expertise com patrocínios e comunicação; em Lisboa, consolidou-se o modelo de “parque temático da música”, onde o que importa não é ver este ou aquele artista, mas “viver a experiência” de se estar no festival.

É o festival de música de maior dimensão, em termos de público atingido, área ocupada e volume de negócios, tanto do Brasil quanto de Portugal, aponta a diretora de marketing do Rock in Rio, Agatha Arêas. “Hoje vemos filhos do Rock in Rio Lisboa, de casais que se formaram na edição de 2004. Já temos um legado afetivo em Lisboa”.

* A repórter viajou a convite do festival