A cantora Anitta não sabia que um simples pedido de amizade no Instagram geraria tanta dor de cabeça. Nem que a ira de alguns internautas ignorasse um direito previsto em lei desde o código eleitoral de 1932, que garante a todo cidadão a decisão sobre manter em segredo sua opção de voto.
Depois de passar a seguir uma amiga que declaradamente é apoiadora do candidato à presidência Jair Bolsonaro (PSL), Anitta passou a receber críticas, xingamentos e até ameaças para que revelasse se também era partidária do polêmico deputado federal do Rio de Janeiro. Nesta quarta-feira (19), ela fez um desabafo e pediu “mais amor” e tolerância dos internautas.
- O Código Eleitoral de 1932 trouxe efetiva ênfase ao voto secreto. Um dos responsáveis pelo projeto do código, João Cabral, escreveu: “Todo sistema eleitoral moderno, mantendo o sufrágio universal como o elemento essencialmente político, procura cercá-lo de garantias, que evitem sua deturpação e extravasamento desordenado, o que se consegue, por um lado, pela combinação dessas três molas reais – o voto absolutamente secreto, a distribuição dos lugares em proporção da votação (…) e a mais perfeita garantia dos direitos eleitorais (…)”, segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“Hoje comecei novamente a ser atacada, xingada e ameaçada, porque segui uma amiga que expôs publicamente sua intenção de voto. Estão fazendo o mesmo com ela. Conheço ela há mais de sete anos e não gostaria de ter que parar de falar com ela por conta da sua posição política”, disse no início das postagens, todas feitas em vídeos publicados no stories da rede social.
E seguiu. “Venho aqui mais uma vez pedir mais amor. De verdade. Sou cidadã igual a vocês, trabalho para caramba, pago meus impostos e tenho sim meu candidato. E como cidadã fiz meu dever, pesquisei e escolhi dentro do que acredito. Mas, assim como vocês, tenho direito de ter o voto secreto e não quero dar minha posição. Não é porque sou artista, que tenho vida pública, que sou obrigada a dizer qual é o meu voto e que devo receber ameaças e xingamentos por não falar isso”.
A cantora aproveitou para falar sobre o respeito às diferenças, classes sociais e opções sexuais. “Respeito diferenças de pensamento, pois também quero ser respeitada. Além de respeito e amor, as pessoas precisam se colocar no lugar do outro. Não é xingando seu familiar ou amigo, ou qualquer pessoa que pense diferente, que você vai conseguir mudar a realidade do nosso país”.
Nas postagens, Anitta fala ainda ser uma integrante do movimento LGBTQ+, o que gerou mais revolta dos seus seguidores. Muitos a acusaram de ser oportunistas e tentar se aproveitar da força do movimento para aumentar sua popularidade.
No final do dia de hoje, Anitta postou um vídeo no Youtube se posicionamento mais uma vez sobre a polêmica. Neste caso, deixa claro em quem não pretende votar.