Michel Ocelot conversa pelo telefone, da capital francesa, com o jornal O Estado de S. Paulo. O assunto é seu novo longa, Dilili em Paris, que estreia nesta quinta, 13, e também sua carreira como animador. De início, o repórter passa a informação de que filmes como Kiriku e a Feiticeira e As Aventuras de Azur e Asmar sempre fizeram o maior sucesso em programas de formação de público, como o Cinema na Escola, ou de reflexão sobre as possibilidades pedagógicas do cinema, como o Clube do Professor, ambos do Espaço Itaú. “O que você me conta soa como música para os meus ouvidos. Embora procure não fazer didaticamente os filmes, tenho sempre a preocupação de contar as histórias que me inspiram de forma a que inspirem também o espectador. Assim como persigo a minha elevação como artista, busco a do público. Minha ideia romântica é de que possamos crescer juntos.”

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Quem fala isso é um tecnicamente idoso – de 76 anos, nasceu em Villefranche-Sur-Mer, na França, em 1943 -, que acha que ainda tem o que descobrir, quando a maioria das pessoas de sua idade só pensam na aposentadoria, por mais insatisfatória que seja. La retraite! Nascido na França, criado na África, estabelecido em Paris. Dilili é sobre uma garota canaque, ops, talvez seja necessário esclarecer – os canaques são melanésios da Nova Caledônia, um território francês que abrange dezenas de ilhas no sul do Pacífico. “Sempre gostei de mostrar lugares e culturas exóticas. O mundo é muito diversificado e fascinante e só temos a perder se não nos abrirmos para os outros.” Na nova ficção, Dilili, a garota de pele escura, quase sempre vestida graciosamente de branco, viaja a Paris, na Belle Époque. É um mundo novo para ela – e do jeito que Ocelot o filma, também para os espectadores. Mas há um problema – Paris está sendo assolada por uma verdadeira praga. O misterioso desaparecimento de meninas, que estão sendo sequestradas e talvez mortas. Dilili investiga o que está ocorrendo e, no processo, ganha ajudas inesperadas e surpreendentes – de figuras como Monet, Rodin, Santos Dumont e outros personagens que pertencem à grande História.

Na animação, como no cinema em geral, existem a trama, o tema e a técnica.
Ocelot, com suas belas cores – seu cinema é festa para os olhos -, é um mestre da animação bidimensional, em 2D. Mas, em Azur e Asmar, ele já usou o 3D e agora mistura as duas técnicas e as aborda digitalmente. “Os avanços não podem ser ignorados”, diz.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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