São mais de 30 espetáculos encenados, uma carreira internacional de dez anos, passagens pelos palcos mais nobres do mundo (Metropolitan, em Nova York, Royal Opera House, em Londres, San Francisco Opera), prêmios, uma coleção de críticas positivas e uma agenda 2012 que começou com “Rigoletto”, de Verdi, no Teatro Avenida, de Buenos Aires, sexta passada, e se estende até o Municipal de São Paulo, que em agosto estreia “O Crepúsculo dos Deuses”, de Wagner.
De formação teatral, e considerado arrojado, mas sem afetação, o diretor carioca André Heller-Lopes é um militante da ópera. Embora esteja vivendo de novo no Leblon, onde cresceu, depois de um período baseado em Londres e em Lisboa, ainda se sente mais à vontade trabalhando em países onde “a ópera não é uma arte exótica”.
“No Brasil, nós, profissionais da ópera, e da música clássica em geral, somos um pouco Óvnis, pouco conhecidos do grande público e do poder”, diz Heller, por e-mail. “Mas não tinha mais sentido, em meio à crise europeia e ao florescimento do Brasil, ficar colocando azeitona na empada alheia. O conhecimento que acumulei nos últimos anos é muito incomum aqui e adoro a ideia de formar cantores ou mesmo futuros diretores de ópera.”
A temporada de “Rigoletto”, cujos cenários ele assinou, lhe exigiu um mês e meio na capital argentina. Termina no sábado, mesmo dia em que estreia no Rio sua montagem de “Piedade”, encomendada a João Guilherme Ripper pela Petrobras Sinfônica. Trata-se de um concerto cênico (portanto, com poucos elementos como cenário, mas com figurinos de época e projeções) baseado na trágica morte do escritor Euclides da Cunha, em 1909, que será realizado no Vivo Rio – fechado desde janeiro, por conta do desabamento de prédios vizinhos, o Municipal só reabre no mês que vem.
Heller segue então para o Festival Amazonas de Ópera, com “Nabucco”, outro Verdi, este já levado a Belo Horizonte no ano passado. A encenação será em praça pública. Em julho, na Escola de Música da UFRJ, da qual é professor há 16 anos, dirige mais um espetáculo gratuito: “Cosi Fan Tutte”, de Mozart. Para no mês seguinte chegar a Wagner. Será o desafio do ano, mas que já vem chancelado pelo sucesso de sua montagem anterior, no mesmo palco, de “A Valquíria” – considerada pela crítica “brasileira e universal”.
“Sou o primeiro brasileiro a dirigir essa ópera, A Valquíria, e, em breve, todo ciclo do Anel do Nibelungo, estreado nos anos 1870”, resume a responsabilidade. No Brasil, o Teatro Municipal de São Paulo – onde, ano que vem, montará “Sonho de Uma Noite de Verão”, em homenagem ao centenário de Benjamin Britten -, é mais sua casa do que o do Rio. O primeiro programou 11 óperas para este ano; o segundo, só 3. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.