Em casa, durante toda infância e adolescência, Ana Clara Horta sempre esteve cercada de música. Seu pai, Luiz Paulo Horta, é crítico de música. A mãe, professora e pesquisadora de música folclórica. O irmão, Kiko Horta, também é músico e a irmã, Ana Madalena Horta, é jornalista. Portanto, nada mais natural do que Ana Clara se lançar como cantora. A artista começou a carreira neste ano, quando completa 30 anos, mas em grande estilo, com um disco de estreia muito bem produzido e lançado pela gravadora Biscoito Fino, batizado de “Órbita”. “Só não me lancei antes porque não tinha um número bom de composições próprias”, diz ela. O irmão Kiko, aliás, toca sanfona e piano em algumas canções do álbum.
Ana Clara não é apenas uma intérprete. Todas as músicas do álbum são autorais. “Já existem intérpretes realmente muito boas. Achei que para me destacar eu teria que mostrar que também sabia compor”, explica. Outra curiosidade a respeito de Ana Clara é que antes de se jogar na vida musical, ela trabalhava como psicóloga. “Não dava consultas, mas fazia um trabalho de música com crianças.”
A cantora escolheu batizar o disco de Órbita porque a palavra traduz sua intenção com o álbum. “Quero mostrar que dessa órbita é possível ter um olhar diferenciado”, diz. “Fiz a música que leva esse nome numa época em que estava me decidindo se abandonava mesmo a psicologia para ser cantora”, completa. E foi preciso coragem mesmo, porque boa parte da produção do disco foi bancada pela própria artista. “Gastei R$ 40 mil para gravá-lo. Depois de pronto, levei para a Biscoito Fino analisar. Eles gostaram”, diz. “Vendi meu carro, um Peugeot 207. Meu carro virou CD.”
A artista não se arrepende da decisão. “Foi uma coisa muito bem pensada. Eu fiz 30 anos e precisava tomar uma decisão. Ou virava cantora ou continuava na psicologia. Não dava mais para adiar.” As canções do álbum começaram a ser compostas quando a artista tinha 27 anos e falam de temas como as conchas do mar, de pé de amoras e também de desilusões amorosas. “Sou irmã de jornalista e filha de crítico musical. Tinha de fazer letras muito bem escritas”, brinca Ana Clara. “Gosto de fazer letras com metáforas e palavras que proporcionam certas sonoridades”, explica a cantora.
Para gravar o álbum, Ana Clara teve como padrinho o cantor Pedro Luís, dos grupos A Parede e Monobloco. Pedro, aliás, participa do disco, dividindo os vocais na canção “Bailarina”. “O Pedro realmente gostou do meu trabalho”, diz. O som de Ana Clara, inclusive, remete ao de Roberta Sá, mulher de Pedro Luís. “Não acho tão parecido assim, não”, rebate Ana. “Mas acho a comparação ótima porque adoro a Roberta Sá.” Antes de lançar o disco, Ana Clara quis saber a opinião do pai. “Ele disse que estava ótimo”, diz a cantora. “Insisti porque queria a opinião de crítico, não de pai. Ele repetiu que o disco era ótimo. Então criei coragem e lancei.” As informações são do Jornal da Tarde.