Após viver a primeira experiência como atriz na novela Páginas da vida, a primeira-bailarina do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Ana Botafogo, retorna as atenções à dança. Pelo menos por enquanto, fica longe da televisão. Em 2007, ela já traçou um planejamento que envolve as sapatilhas, livros e cadernos e a continuidade do trabalho dela como professora.
Com a agenda menos apertada, ela esteve ontem em Curitiba para ministrar uma aula às alunas do Studio D, escola na qual deu aula à época da sua fundação, em 1978. Ela aproveita a viagem para lançar hoje, às 16h, no mesmo local, o livro Ana Botafogo na ponta dos pés, que conta de maneira coloquial a trajetória profissional e pessoal da bailarina. Ele vem com um CD com composições inéditas de Valdemar Gonçalves, criadas para o exercício do balé.
De volta à rotina de ensaios no Municipal, ela vive a expectativa de poder participar da montagem de A dama das camélias, um dos poucos balés que ela ainda não dançou. ?Estamos trabalhando para que aconteça. Será muito bacana se o projeto for aprovado. Estou na idade ideal para este papel?, diz a bailarina, que já brilhou em produções como Giselle, O quebra nozes, A bela adormecida e A megera domada. Outro projeto que ela vem amadurecendo há dois anos é montar um espetáculo homenageando a atriz e cantora Bibi Ferreira.
Ela também pretende fazer mais algumas apresentações do espetáculo Três momentos do amor, no qual ela dança ao som de músicas populares.
Além do retorno à prática da dança clássica, ela passou a absorver a teoria nas aulas da Faculdade de Dança, que freqüenta desde o início do ano na UniverCidade, do Rio de Janeiro. ?Formamos um grupo de bailarinos do Teatro Municipal que tem aulas personalizadas. Está sendo muito bom voltar a estudar, porque dá uma bagagem maior para que a gente fuja um pouco da questão puramente prática da dança?, diz.
Paralelo às duas atividades, Ana também encontra tempo para exercer a influência de madrinha da ONG Dançando para não dançar, que existe há 11 anos no Rio de Janeiro, nas comunidades carentes da Mangueira, do Vidigal, do Catagalo e da Rocinha. No trabalho, ela faz a divulgação do projeto, que hoje tem 450 bailarinas. A idéia de levar dança para as comunidades é passar às crianças e jovens noções de disciplina e persistência, em um resgate da cidadania. ?Mas algumas delas já deram passos mais altos?, diz. Ela refere-se a oito bailarinas que foram dançar em uma grande companhia da Alemanha. Com o projeto, ela consegue popularizar o balé clássico, um dos grandes objetivos de vida que ela carrega.
