Passa um pouco das 16 horas quando chegamos ao Teatro Guaira para a entrevista com a mais conhecida bailarina brasileira, Ana Botafogo. Com o corpo esguio e movimentos suaves, ela vem do camarim e segue pelo palco do Guairão para o nosso encontro. O motivo da entrevista é a comemoração dos 35 anos de carreira – celebrados com a montagem do bailado Marguerite e Armand – que estreia nacionalmente neste sábado (17).

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A comemoração vêm em dose dupla: além de completar mais de três décadas dançando profissionalmente (30 como primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio de Janeiro) Ana está emocionada pela estréia nacional do espetáculo acontecer em Curitiba. “Foi esse teatro que me lançou para o Brasil”, conta.

Para o momento se tornar inesquecível, Ana escolheu um balé que nunca havia dançado. “Achei que tinha que fazer um trabalho novo e começar as comemorações em Curitiba”, diz. “Marguerite e Armand”, uma versão de “A Dama das Camélias”, de Alexandre Dumas, tem coreografia de Frederick Ashton, criada em 1963 especialmente para a lendária bailarina inglesa Margot Fonteyn.

No palco, Ana vai interpretar Marguerite ao lado de Federico Fernández no papel de Armand. Ele é o principal bailarino do Teatro Colón, de Buenos Aires, de onde também foram veio parte da produção do espetáculo. Ainda há participações especiais dos bailarinos Marcelo Misailidis e Joseny Coutinho que interpretam, respectivamente, o pai de Armand e o duque.

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Entre as muitas comemorações que vão acontecer na noite, outra curiosidade é que este ano é o bicentenário de nascimento do compositor húngaro Liszt, que será interpretada ao vivo no teatro. Na segunda parte do espetáculo haverá uma homenagem à bailarina Eleonora Greca, que também iniciou sua trajetória em 1976, e está se despedindo dos palcos.

Fazendo uma retrospectiva da carreira, Ana destaca o seu primeiro trabalho no Guairão, quando interpretou a protagonista de “Giselle”. “Quando estreei esse espetáculo aqui foi muito emocionante”. Outro momento marcante foi quando conquistou o título de primeira bailarina do Theatro Municipal do Rio. Desde o início ela percorreu com a dança cerca de 95 cidades de 22 estados brasileiros e 12 países.

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A experiência que adquiriu ao longo dos anos fazem ela perceber algumas mudanças no balé no Brasil. “Agora tem mais companhias, que surgiram principalmente a partir da década de 90, e as produções de espetáculos aumentaram muito. A quantidade de bailarinos e a qualidade técnica cresceu bastante. Mas, sobretudo, aumentou o público que gosta de dança”, analisa.

Ana está feliz com tudo o que vivenciou como bailarina e não tem planos de parar tão cedo. “É uma carreira longa e ativa, estou dançando muito. É uma felicidade estar no palco”.

Serviço:

Marguerite e Armand 
Única apresentação no dia 17 de setembro, sábado, às 21h
Guairão (Praça Santos Andrade. s/nº)
Ingressos: R$ 80
Informações: 3304-7900 e 3304-7982