Uma mulher anuncia ao marido que vai deixá-lo por um homem que visualizou num sonho. Uma senhora conta os desprazeres da idade avançada para o amado, que já morreu. Uma terapeuta de casais desnuda o amor que sente pela paciente. Uma amiga pede socorro à outra, com medo de que a visão da cartomante de sua morte iminente venha a se concretizar.
São alguns dos relatos das cartas que compõem “Tudo Que Eu Queria Te Dizer” (Objetiva), livro de 2007 da gaúcha Martha Medeiros que já passou das 28 mil cópias vendidas. No palco, quem as interpreta é a atriz Ana Beatriz Nogueira, em seu primeiro monólogo. A direção é de Victor Garcia Peralta, por quem ela é dirigida pela primeira vez.
Atriz de teatro, novelas, minisséries e premiada por suas atuações no cinema, Ana, que este ano faz 25 anos de profissão, brinca que seu espetáculo é um stand-up book (livro em pé). Não que ela dê importância a questionamentos sobre essas classificações, tão em voga, diante da profusão de stand-up comedies. “Há tanta discussão sobre o que é ou não teatro… Acho que temos coisas mais importantes para tratar. Se tem uma pessoa em cena se apresentando artisticamente, ou se apresentam Shakespeare num galpão, é teatro”, diz Ana.
O público se diverte com as sandices da carta, endereçada ao psicólogo, da mulher que confessa ser racista e elitista, afirma odiar gente feia e achar sexo anti-higiênico. Comove-se com a da anciã que “se despede de si mesma todas as noites”, e que tem no falecido o único interlocutor na hora de narrar suas aflições. É o momento mais dramático da peça, pontuada por palavras de dor de cotovelo, recalque, ciúme, desamparo, esperança. Ana estreou no Rio Grande do Sul, e passou por oito cidades. O espetáculo fica em cartaz até 24 de outubro no Centro Cultural Correios, no centro do Rio. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
Tudo Que Eu Queria Te Dizer – Centro Cultural Correios (Rua Visconde de Itaboraí, 20 – Centro, Rio). Tel. (021) 2253-1580/2219-5165. Quinta a domingo, às 19h. R$ 20. Até 24 de outubro.