Houve, por um período curto de tempo curto demais para qualquer um, uma força da natureza em forma de cantora como há muito não se via, ou ouvia. Era magra, daquelas que poderiam ser levadas por uma ventania mais invocada. Ninguém poderia acreditar que a voz ouvida nos discos (dois só, lançados enquanto ela era viva), saía daquele corpinho esquálido.

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Isso talvez acontecesse porque a voz de Amy Winehouse, cantora que completaria 32 anos de idade nesta segunda-feira, 14, não dependia apenas da física e dos músculos e cordas vocais. Era um impulso para cantar que vinha de dentro. De um lugar que apenas algumas pessoas de fato atingiram. São eles os verdadeiros cantores do soul. A alma.

Amy deixou um rastro de corações destruídos pela sua voz e pela partida antecipada. Morreu aos 27, ingressou no maldito e informal “clube dos 27”, formado por músicos que também se despediram nesta idade, como Brian Jones, Jimi Hendrix, Janis Joplin, Jim Morrison, Kurt Cobain, e por aí vai.

A jovem inglesa viveu seus extremos. Foi até o limite da vida. E voltou algumas vezes. Não na madrugada daquele dia 23 de julho de 2011 – meses depois de uma conturbada passagem pelo Brasil, no início daquele ano.

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Amy Winehouse era atormentada por próprios fantasmas e traumas. Bebia, fumava e injetava para fugir da realidade da qual vivia. Com a música, sua voz, era capaz de cuspir alguns para fora, mas nunca foi suficiente.

Nos últimos anos de vida, era vista pelas ruas do bairro de Camden Town, no norte de Londres, em um estado cada vez mais esquelético. Definhou na frente de todos, graças às lentes dos papparazzi. Talvez exagerasse ainda mais por conta disso.

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Amy nunca conseguiu aguentar o peso que é viver. Se estivesse viva, talvez estivesse lançando um disco de reggae, como quis e a gravadora negou. Talvez estivesse limpa, como o seu amigo Pete Doherty, do Libertines. Ficar no “e se” nunca foi o que direcionou Amy, sua vida ou sua música.