Paisagem verde e gente falando sobre vinho sob o sol escaldante do sertão são imagens que não vêm à cabeça quando se pensa no nordeste brasileiro, mas é assim que ele vai aparecer em “Amores Roubados”, minissérie que a Globo exibirá em janeiro.
A trama é baseada em “A Emparedada da Rua Nova”, romance publicado em capítulos durante dois anos em um jornal de Recife no século 19, adaptado por George Moura e pelo diretor José Luiz Villamarim.
A história vai mostrar relações de amor proibidas e difíceis em meio a um grupo de ricos exportadores de frutas e donos de vinícolas à beira do Rio São Francisco. “Quando fui procurar locações, percebi o sertão contemporâneo. Há mais eletrodoméstico e roupas globalizadas convivendo com o arcaico, o jegue ainda está lá. Temos o vaqueiro clássico, mas ele está com um celular”, disse Villamarim à reportagem.
O diretor, que esteve à frente de projetos como “O Canto da Sereia” e a novela “Avenida Brasil”, quer reformular o clichê da ideia de nordeste recorrente na TV, principalmente na maneira de falar. “Tinha a preocupação em não tornar uma farsa. Deixo o sotaque dos atores com uma prosódia simples, é como uma musicalidade ao falar. Por isso, chamei atores locais, como o Irandhir Santos e o Jesuíta Barbosa (ambos em cartaz no filme Tatuagem). É a busca do menos artificial possível. Senão, fica todo mundo falando igual.”
Para 70% das cenas da minissérie, a equipe passou 98 dias no sertão. O restante termina de ser gravado no Rio esta semana. “Foi como fazer três longas”, compara Villamarim, que não se importou em não voltar para casa no período. “Trabalhávamos de segunda a sábado. O mais difícil foi o calor”, minimiza ele, que conseguiu manter por lá figuras requisitadas do elenco, como Cauã Reymond, Murilo Benício e Patrícia Pillar, para deixá-los no clima da trama.
Superprodução
Apesar do tempo de gravação, “Amores Roubados” terá apenas dez episódios. Entre as 120 pessoas da equipe está Walter Carvalho, premiado diretor de fotografia do cinema nacional, responsável pela estética de “O Canto da Sereia” e a novela “Lado a Lado”. “Por isso, a gente diz que está filmando (em vez de gravando, termo para a televisão). As séries sempre foram projetos especiais. A tendência é gravar menos por dia e pesquisar mais. A qualidade da TV cresceu e, como a gente domina a linguagem digital, a gente tem uma qualidade fotográfica melhor.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.