Pedro Antônio Bernardi
Ausência não se restringe afastamento, mas o não falar, não expressar claramente coisas que se vê e se sente, importantes para transmissor e receptor.
Passado o ciclo da agricultura, da indústria, da informação e da comunicação, a humanidade começa a experimentar a onda da felicidade e do bem-estar. Em certa organização, gerida por descendentes alemães, foi criado um centro de convivência com a finalidade de as pessoas crescerem e se enriquecerem livremente. O centro dispõe de espaços multifuncionais para recreação, lazer, esporte, leitura, exposições, festejos e eventos em geral, diuturnamente. Na inauguração da unidade, o proprietário disse que era seu desejo ver os colaboradores se sentirem felizes e próximos. Ele salientou que, em geral, as pessoas têm tendência de condenar coisas negativas e aceitar, mas não destacar, as positivas.
Sob aspectos diferentes, todo ser humano deveria viver um em função do bem do outro. Ninguém pode ser feliz sem o outro. Um é mais alegre porque sabe da existência do outro. Em qualquer momento e lugar, a pessoa é acometida por dificuldades, mas quando confia e acredita no outro, sabe que vale a pena empenhar esforços, mudar e criar soluções. Antes de encerrar a solenidade de inauguração do centro, o coordenador do cerimonial deixou a palavra livre. Subitamente, uma funcionária levantou e fez o seguinte depoimento: ?Estou surpresa por participar desse acontecimento. Depois de dez anos trabalhando na empresa, ainda não conhecia o presidente. Igualmente, não tinha me dado conta de quão necessário é a gente se comunicar, se encontrar e se aceitar. Isso é belo e animador; estou emocionada.
?Este centro de convivência é um mundo novo que vai interferir e melhorar nossos hábitos e comportamentos na família, na escola e na sociedade. Neste local, ninguém precisa se defender ou, como foi dito anteriormente, se mascarar. Isso é viver e crescer empresarialmente. É saber que ao lado de outras pessoas temos mais espaço para comungar valores, idéias e ideais que guardamos no fundo do coração.
Não raras vezes, no trabalho, na família, na igreja e na sociedade, temos medo de não ser aceitos. Por conta disso, não falamos abertamente o que pensamos e percebemos, inibimos a liberdade e a criatividade, escondemos sentimentos, estreitamos horizontes. Este centro é genuíno ambiente para crescer pessoal, grupal e socialmente. Ampliou-se nosso raio de desinibição e manifestação de sentimentos.
Empresários e colaboradores, pais e filhos, governo e povo, uns precisam dos outros, isso quando de fato um valoriza, respeita e é leal com o outro.
É incrível o quanto nos desconhecemos, analisamos superficialmente conflitos, somos indecisos, cultivamos desencontros! Aprender a conviver é o primeiro mandamento para amar, crescer e amadurecer. Nem sempre temos consciência que há famílias, organizações e instituições de ensino caminhando em sentidos opostos, uma tropeçando e se conflitando com a outra. Daí, elas se distanciam ou andam em direções inversas. Enquanto brigamos com a gente mesmo, com os outros e com as instituições, sofremos e não vivemos felizes.?
Pedro Antônio Bernardi é jornalista e professor, autor do livro Palavra amiga.
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