“Ambição do escritor deveria ser contar algo novo”, diz Paloma Vidal

O americano Teju Cole e a argentina radicada no Brasil Paloma Vidal, que publicaram romances a partir de suas vivências em cidades americanas, contaram na Flip como a escrita os fez estreitar relações com cidades pelas quais tinham sentimentos de rejeição.

Os dois participaram na tarde de hoje da mesa “Exílio e Flânerie”, mediada pelo escritor João Paulo Cuenca.

“Minha experiência em Los Angeles foi um fracasso”, disse a escritora, sobre a cidade onde fez doutorado e em que se passa parte da história de seu romance “Algum Lugar”. “Não é um lugar caminhável, então eu só ia de casa para a universidade. Saí sem saber o que tinha achado e de repente sinto que a cidade é minha”, contou.

Teju Cole, que virou sucesso entre a crítica americana no ano passado com seu romance de estreia, “Cidade Aberta”, disse que desde que escreveu o livro se sente “duas vezes mais nova-iorquino”. Ele nasceu em Michigan, passou a infância na Nigéria e se mudou para Nova York 20 anos atrás.

“Nova York é uma cidade que te destrói e te esquece. Escrever sobre ela foi como fazer uma cirurgia, tirar fora algo doloroso para então fazer progresso. Depois disso, Nova York se tornou mais minha casa que qualquer outro”, disse.

Paloma disse ainda que um dos desafios de escrever sobre Los Angeles foi justamente escrever sobre uma cidade que não amava. “O ponto de partida de qualquer escritor contemporâneo deveria ser contar uma experiência nova. Tem que pensar: o que vou falar sobre esse lugar que outros não tenham falado ou como outros não tenham falado?”.

Na mediação, Cuenca ressaltou as semelhanças entre as histórias e as obras dos dois, que migraram em um momento ou outro da vida (Paloma chegou ao Brasil aos dois anos, enquanto Teju desembarcou em Nova York aos 17) e abordam em suas obras a sensação de não pertencimento.

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