Nos dois primeiros filmes da diretora Eliane Caffé, “Kenoma” (1998) e “Narradores de Javé” (2002), respectivamente, ela explorou o sertão mineiro e um longínquo povoado baiano. Em ambas as histórias, o isolamento só realçava os defeitos e qualidades de seus personagens, fazendo com que suas histórias se tornassem mais densas e dramáticas. Em “O Sol do Meio-Dia”, seu novo longa, que estreia hoje, a diretora foi ainda mais longe: na profunda e isolada Amazônia. A floresta é o cenário onde se desenvolve a história de uma improvável amizade entre o barqueiro Matuim (Chico Diaz, em ótima atuação) e Arthur (José Carlos Vasconcelos), um ex-presidiário e ajudante de Matuim.

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Entre eles está Ciara (Cláudia Assunção). Outra característica da diretora é apresentar personagens comuns, que vivem histórias de drama e felicidade em lugares esquecidos. São locais tão isolados que, provavelmente, poucas pessoas conhecem.

Nesta trama, Matuim foge de um povoado, pois é ameaçado de morte. Arthur acabou de sair da cadeia, não tem para onde ir e pede para viajar dentro do barco, junto com Matuim, pelos rios da região amazônica. Não poderia haver duas pessoas mais diferentes. Matuim é anárquico e Arthur, racional. O primeiro não para de falar, o outro gosta de ficar ouvindo. A forma como a amizade deles se desenvolve foge de clichês, criando surpresas a cada minuto.

No caminho, a dupla é roubada por piratas e chega a um pequeno povoado onde conhece Ciara. A mulher procura sua filha num bordel, já que a garota decidiu ser

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prostituta. Arthur contrata a moça e, sem que ela saiba, a leva até a mãe. Por conta desse gesto, Ciara desenvolve uma imensa afeição por Arthur e quando descobre que ele e Matuim viajarão para o Pará, resolve largar tudo para ir ao encontro deles. Ciara, no entanto, não tem a menor ideia do passado da dupla e o resultado dessa descoberta poderá abalar toda a amizade de Matuim e Arthur.

Nessa aventura, o espectador é premiado com belíssimas paisagens amazônicas, numa fotografia de tirar o fôlego. O filme flui como a vida nessa região, levada pelo ritmo lento com que as viagens de barco demoram a ser feitas. Outro detalhe é a ausência de trilha sonora. Os sons ficam por conta dos ruídos – de grilos, pássaros, carros, motos, vento etc. As informações são do Jornal da Tarde.

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