Foi em 2007 que Ross Bagdasarian JR. teve a ideia de ressuscitar, na tela grande, a série animada que seu pai havia criado nos anos 1960. O sucesso superou toda expectativa, inclusive no Brasil, onde “Alvin & os Esquilos” fez 4,2 milhões de espectadores e a sequência, “Alvin & os Esquilos 2”, faturou ainda mais – 5,1 milhões. Uma nova aventura de Dave e seus esquilos cantantes ganha as telas do País, a partir desta sexta-feira. A distribuidora Fox continua apostando no sucesso. Serão 540 salas.
O primeiro filme, de Tim Hill, trata da relação de Dave com Alvin, Simon e Theodore. No segundo, de Betty Thomas, Dave vai parar no hospital – o que o deixa fora de cena durante quase todo o filme – e entram em cena as esquiletes. No terceiro, Dave embarca num cruzeiro com o sexteto. Alvin apronta todas a bordo, o que termina por criar um conflito de autoridade que envolve até o capitão. Quando Alvin e seus amigos embarcam num voo de asa delta e vão parar numa ilha, Dave vai atrás, para providenciar o resgate. Acompanha-o o ex-empresário Ian, que pisou na bola no segundo filme e foi rebaixado a pelicano de plantão no transatlântico (como Ashton Kutcher em “Por Amor”, com Michelle Pfeiffer).
Com base no currículo do diretor – o talentoso Mike Mitchell, de “Shrek para Sempre” -, dava para apostar que o filme fosse bem divertido. Mitchell até que se esforça. Ele faz com que Alvin & Cia. encontrem uma náufraga na ilha, com direito a uma bola ‘humanizada’ como aquela de Tom Hanks no filme famoso de Robert Zemeckis (“O Náufrago”). As coreografias das esquiletes, inspiradas em Lady Gaga, parecem repetecos no navio, mas há um número hilário – “Survivor”, do Destiny’s Child, parodiando justamente a capacidade dos esquilos de sobreviver na selva.
É pouco para tornar “Alvin 3” atraente, mesmo para plateias infantis. Assistir ao filme nas pré-estreias, com plateias de crianças, mostrou que elas ficam dispersivas e, o que é pior, inquietas. Uma coisa é certa. Alvin, os esquilos e as esquiletes – na verdade, deveria ser Alvin & os Tâmias, porque chipmunk se refere especificamente a esse tipo de animal -, estão cada vez mais impressionantes, do ponto de vista técnico. Você é capaz de jurar que são esquilos, perdão, tâmias de verdade, criados com tecnologia digital de ponta. Quando cantam e dançam, a riqueza das expressões faciais os humaniza a ponto de parecerem gente.
Não há muito mais para elogiar. Foi-se toda a possível originalidade, predomina o tom professoral – sobre o que é ser adulto – e a tentativa de transformar Simon numa espécie de Rambo francês só acentua a sensação de esgotamento. Mas vale tentar investigar a razão do sucesso. Como o pequeno Stuart Little, adotado por uma típica família norte-americana, Alvin e seus amigos, adotados por Dave, questionam a aceitação da diferença numa indústria (a do entretenimento) que assimila tudo que dê lucro. Dave, criado por Jason Lee, é o bom pai. Sentimental, responsável. Os melhores momentos de “Alvin 3” passam por ele. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.