Álvaro José vive a expectativa de sua oitava Olimpíada

Álvaro José, comentarista esportivo da Band, vai a todas as Olimpíadas desde 1980, em Moscou. Mas a promessa de que Pequim fará os maiores Jogos da História faz o jornalista parecer um estreante empolgado. “A piscina é linda, o estádio é inovador. A China tem um gigantismo que não sabemos bem de onde veio e até onde pode chegar. Isso é instigante”, avalia Álvaro.

Atleta frustrado, ele pulou de um esporte para outro na infância e na juventude. E como aprendeu a técnica de várias modalidades, comenta todas elas na tevê. “Mas adoro natação e atletismo”, avisa. Sem falar uma palavra de mandarim-língua oficial da China-mas com muita experiência na bagagem, Álvaro não vê a hora da sua maratona começar. “Quando começam os Jogos, é da tevê para a cama, não há tempo para lazer. Depois do terceiro dia, fazemos contagem regressiva para o final”, conta.

P – É a oitava vez que você participa das Olimpíadas como comentarista. Ainda dá um frio na barriga?

R – Sem dúvida. A expectativa sempre é grande. Nenhuma manifestação criada pelo homem durou tanto tempo e esse é o maior de todos os eventos. As Olimpíadas exercem um fascínio tão grande em mim e em tanta gente não só pelo aspecto esportivo da melhoria de performances, dos recordes e das possibilidades de medalha, mas por tudo aquilo que significam historicamente. Se a gente pensar que tem uma juventude que se prepara para dar o máximo de si a cada quatro anos, estamos falando da própria evolução da espécie humana.

P – De Moscou, em 1980, até Atenas, em 2004, você consegue apontar os momentos mais marcantes que já presenciou nas Olimpíadas?

R – Moscou foi muito especial por ser a primeira. Em Los Angeles, em 1984, meu melhor momento foi narrar os 800 metros rasos do Joaquim Cruz, que conseguiu a única medalha de ouro para o Brasil na ocasião. Em Seul, tive o privilégio de narrar o Aurélio Miguel no judô, e ele guarda a fita até hoje. O Rogério Sampaio também brinca comigo que vai me levar pela vida inteira dele porque carrega a fita com a minha narração de sua medalha de ouro no judô em Barcelona.

P – Ser filho de um jornalista esportivo – Álvaro Paes Leme -foi o que mais o influenciou nesse fascínio pela cobertura esportiva?

R – Meu pai me influenciou muito. Como todo garoto, o meu sonho quando criança era ser atleta. Mas isso é facultado a poucos. Também sempre fui fascinado por viagens. Fui muito novo para as primeiras Olimpíadas, com apenas 23 anos. Tive sorte porque quis isso e consegui realizar esse sonho. Hoje conheço mais de 70 países. Corri atrás e faço realmente aquilo que gosto. Ir para as Olimpíadas é o máximo e está ficando cada vez melhor porque o esporte brasileiro está melhorando.

P – Quais são as suas expectativas em relação aos resultados da equipe brasileira em Pequim?

R – Depois que terminaram as Olimpíadas de Atenas, nossos atletas continuaram trabalhando para o Pan e isso vai se refletir nesses Jogos. Pela primeira vez acho que conseguiremos medalhas com as mulheres no atletismo. Na ginástica o Diego Hipólito também é o favorito para trazer o ouro. Sem contar a Jade e até a Daiane dos Santos. No hipismo temos dois cavaleiros com condições de medalha, o Rodrigo Pessoa e o Doda. No futebol masculino eu não acredito, já as meninas vão para a final e espero que tragam o ouro. No vôlei de praia e no vôlei de quadra eu também aposto.

P – E apostar no Rio de Janeiro como sede das Olimpíadas de 2016, você acredita que o Brasil tem chances nessa disputa?

R – Temos todas as condições de receber os Jogos de 2016. Este ano é em Pequim e por isso não farão de novo na Ásia, Tóquio está fora. Outra candidata, Madri, perde pontos porque f,ica muito próxima a Londres, onde serão as Olimpíadas de 2012. Portanto o Rio briga com Chicago. Mas a cidade americana tem um problema. Por causa dos direitos de televisão, o Comitê Olímpico Internacional repassa um valor significativo para o comitê olímpico norte-americano, coisa de 800 milhões de dólares por ano.

O grupo que preside a candidatura de Chicago quer a diminuição do valor para ter mais chances, mas o comitê olímpico daquele país não aceita. É uma briga seríssima. Fora isso, em nenhuma cidade que já sediou os Jogos há dois estádios de porte, como o Maracanã e o Engenhão no Rio. A cidade também tem a vantagem das distâncias curtas. O maior problema é resolver a carência de leitos de hotel, pois é preciso hospedar 1,5 milhão de pessoas. Quanto à violência, há em todos os lugares. E eu não vi violência no Pan.

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