Um total de 40 estudantes que participam de um grupo de 300 alunos, na oficina de sensibilização musical do Festival de Arte da Rede Estudantil, são portadores de necessidades educacionais especiais. Esta quinta edição do Fera está sendo realizada até sábado (15) em Cornélio Procópio.

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A oficina de musicalização tem feito muito sucesso nas demais etapas do Fera por apresentar um grande número de participantes e por trazer ainda um dos maiores músicos do Brasil, o maestro Waltel Branco ? que é considerado por João Gilberto o maior arranjador da música popular brasileira.

Durante os quatro dias da oficina, os alunos aprendem tocar flauta doce e conceitos básicos de canto. ?No final da oficina, os estudantes saem daqui tocando em média dezoito músicas e com uma boa noção de musicalização que auxiliará muito na aprendizagem daqueles que se interessem a continuar os estudos na área?, explica o oficineiro e maestro Walmir Teixeira.

Para Waltel Branco, o Festival é a melhor iniciativa realizada pelo Governo do Estado para descobrir talentos. ?Os alunos que estão aqui querem ser músicos e o Fera veio para revelar esses talentos. Para mim, esta foi a melhor iniciativa no campo da arte dos últimos tempos porque está descobrindo muito talento dentro dessas crianças?, afirma. ?Todas as vezes que damos aulas, acabamos aprendendo mais do que ensinando?, brinca Waltel.

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A coordenadora do Fera, Alexandra Gil, reconhece que a participação de Waltel Branco tem abrilhantado mais ainda o evento, que já conta com inúmeros artistas de qualidade. ?É, além disso, a oportunidade das pessoas conhecerem o compositor de uma das músicas mais conhecidas em todo o mundo, o tema do filme ?A pantera cor-de-rosa?, composta em parceria com Henry Mancini?, explica.

Participantes

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Luiz Henrique Cruz Severino (15), aluno do Colégio Estadual Vandyr de Almeida, de Cornélio Procópio, conta que já estuda música há um ano e que está surpreso com a oficina. ?Quem nunca tocou algum instrumento, antes, sai daqui tocando mesmo?, afirma. ?O professor explicou que a flauta doce é um dos instrumentos que iniciam o ensino com os instrumentos de sopro, por isso estou contente, pois até agora só tinha tido contato com a guitarra e com a bateria?, explica.

De acordo com Luiz, a oficina ainda trouxe um grande exemplo a ser seguido. ?Adorei ver e tocar junto com o Waltel Branco. Ele é demais, dá vontade de ser igual a ele?, conta.

Já a aluna do Colégio Estadual Castro Alves, de Cornélio Procópio, Aline Bernardin (16), conta que nunca tinha tido contato com instrumento musical, mas que está aprendendo bastante na oficina. ?Já estou tocando três músicas. Achei que seria mais difícil para aprender?, ressalta. ?Gostei muito de estar aprendendo a tocar e a cantar?, agradece.

Inclusão

O Festival de Arte da Rede Estudantil conta com a participação de mais de mais de 100 alunos com necessidades educacionais especiais, que aprendem arte em 50 oficinas e atividades culturais. ?É um Fera marcado pela inclusão social?, afirma a coordenadora pedagógica do Festival, Maristela Sdroievski Cruz. A pedagoga explica que esses alunos não contam com oficinas exclusivas e estão convivendo com os outros alunos, ?o que é muito bom para ambos?, reconhece.

?Estou emocionada, pois eles nos surpreendem a todo o momento, quando se colocam no mundo mostrando seu valor e talento?, confessa a responsável pela educação especial do Fera, Adriana Estevão. O Festival mostra que não há diferença entre os alunos. ?Os estudantes com necessidades educacionais especiais sentem-se à vontade quando chegam ao evento principalmente porque os demais alunos são solidários e demonstram que não têm preconceito?, conta Adriana.

Para o oficineiro de sensibilização musical, Walmir Teixeira, ter a inclusão dos alunos com necessidades educacionais especiais é uma grande satisfação. ?Buscamos que os alunos adquiram sensibilidade musical, diferenciando o som e o silêncio e a organização dos sons que é a música?, conceitua. ?Cada aluno tem seu tempo para aprender, o importante é que saiam da oficina com os princípios básicos?, explica.

Segundo Walmir, os alunos, com necessidades especiais visuais aprendem muito rápido. ?Os alunos com deficiência visual aprendem mais rápido pela sensibilidade maior em manipular a flauta do que a dos alunos que enxergam?, salienta.