Alternativa interativa

Quando foi ao ar pela primeira vez no país, ao meio-dia de 20 de outubro de 1990, a MTV Brasil chegou acenando com algo a mais do que o conceito de segmentação. A versão tupiniquim da Music Television americana herdou também a estética rebuscada e mostrou na televisão brasileira a face da cultura pop. Ao longo desses pouco mais de 15 anos no país, a MTV já passou por algumas transformações, a fim de estar sempre "antenada" com o público jovem que lhe dá sustentação. Em meados da década de 1990, por exemplo, a emissora deixou de ser apenas uma reprodutora de videoclipes e passou a apostar em programas de auditórios, como o Barraco MTV e o Fica Comigo. Agora, em março de 2006, o canal sofreu mais uma "repaginada", embora mais leve, que incluiu as estréias de novos programas e a entrada de novos VJs, em substituição a antigos apresentadores que deixaram a emissora. Para o telespectador mais aberto a novidades, a nova programação traz boas e "moderninhas" atrações, que apostam sobretudo na interatividade.

Na nova grade da MTV Brasil, alguns quadros que foram bem nos especiais de verão foram "promovidos" a programas inteiros. São os casos do Chapa Coco e do Vida Log. O primeiro basicamente se resume a uma coletânea de clipes com uma apresentação "diferente", ângulos inusitados e muita farra dos novos VJs André Vasco e Felipe Solari. Já o Vida Log, mistura música, tecnologia e comportamento, três palavras mágicas do universo adolescente. Assim como as outras duas estréias, o MTV de Bolso também pouco inova na fórmula que mistura a exibição de clipes com interatividade. Ainda assim, é interessante uma participação do público que vá além da escolha de clipes, através da troca de opiniões sobre diversos assuntos.

A estréia mais promissora desta nova fase da MTV Brasil foi, sem dúvida, a do programa Ya! Dog. A começar pelo "début" da VJ Luísa Micheletti, bonita, esperta e "descolada", como exige o público do canal. O programa é uma espécie de navegação pela internet com a apresentação de uma VJ. Através do site da emissora, os telespectadores podem mandar seus "play lists" e se informar sobre cada clipe exibido. Até mesmo a apresentação dos clipes sugere o "layout" de uma página na internet, com hipertexto e informações adicionais sobre o vídeo exibido ou assuntos relacionados com o gênero musical veiculado naquele momento.

Mais duas

Outras duas estréias, mas em formato de programas de auditório, também prometem animar a programação da MTV Brasil. No Tribunal de Pequenas Causas Musicais os VJs Penélope Nova, Rafa Losso e André Vasco simulam um tribunal, onde algum tema do universo da música é "julgado". Enquanto um faz as vias de advogado de defesa, outro de promotor e o terceiro de juiz, uma pequena platéia serve de júri. Depois das discussões, é divulgada a sentença sobre assuntos como "o preço do ingresso do show do U2 valeu a pena?" ou "a Madonna já era?". Apesar de divertido, é possível que o programa não tenha fôlego para mais de uma temporada. O Neura MTV, por sua vez, se vale de uma fórmula gasta para promover um "game" sobre relacionamentos. Marina Person e Cazé Peçanha comandam os times com três pessoas cada, numa disputa entre meninas e meninos.

Além de novos VJs e programas, é nítida a preocupação da MTV Brasil em atrair seu público para uma participação mais ativa. A aposta na modernidade e na interatividade, especialmente em programas como o Ya! Dog, sugere que essa estratégia é a forma encontrada para manter a atenção de um público naturalmente disperso, como o adolescente, e evitar o fatídico "zapping". Entre erros e acertos, o canal mantém corretamente sua estética peculiar, com vinhetas e propagandas falsamente "sujas" e que se valem de animação e de grafismos. Autêntica na forma e atual no conteúdo, a MTV Brasil não deve ter problemas em renovar sua "clientela".

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