Se alguém que passou pelo Rock in Rio não estava por dentro das discussões a respeito da permissão de exploração de parte da Amazônia pelo atual governo, a informação foi mais do que dada. Além do próprio mote ambiental da temporada do festival deste ano, muitos artistas centraram seus discursos no protesto contra o que pode vir a ser uma decisão governamental.

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Uma das edições mais politizadas do Rock in Rio, com momentos de “fora, Temer” incitados pelos artistas ou não (na verdade, pouquíssimos cantores citaram diretamente o presidente, com a exceção de Evandro Mesquita, da Blitz, e Liniker), o primeiro final de semana teve, na noite de domingo, o maior disparo feito do palco Mundo contra a classe política. E isso justamente no show de uma mulher que não fala uma frase em português: Alicia Keys.

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Keys levou ao palco uma liderança indígena, além de ritmistas e o convidado Pretinho da Serrinha, para fazer a canção Kill Your Mama. Sonia Bone Guajajara, apresentada a Alicia por Paula Lavigne, mulher de Caetano Veloso, falou duro contra o decreto de Temer pelo fim da Renca (Reserva Nacional de Cobre e seus Associados). “Existe uma guerra contra a Amazônia. Os povos indígenas e o meio ambiente estão sendo brutalmente atacados. O governo quer colocar à venda uma gigantesca área de reserva natural.” Ela lembrou que uma votação será colocada no Senado sobre o tema. “Senadores, nós estamos de olhos. Não existe plano B… Vamos pressionar!”

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Justin Timberlake chegou logo depois, como se caído de outro universo. Sem discursos que beirassem alguma indignação, trouxe pela segunda vez ao Rock in Rio um espetáculo ultraproduzido, de luzes, coreografias e marcações, muitas marcações, com uma precisão alemã. Sua música também é assim, como se um DJ fizesse novas viradas a cada compasso – tudo muito criterioso, estudado, impressionante e… frio. Querer sempre o máximo em sua megalomania tira algo que já havia sido percebido em sua primeira passagem pelo Rock in Rio.

Justin é um excelente produtor, um dançarino acima da média e um cantor cheio de Motown na voz, mas seu palco é robótico. Ele quer o mundo perfeito em cada detalhe, e acaba se esquecendo de que poderia relaxar um pouco para fazer uma simples canção.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.