Elegante, cool, usando um modelito Cotton Club (bustiê azul sem nada nas costas, gargantilha, cabelo chanelzinho), Alicia Keys deu uma aula de refinamento para gritalistas de r&b de todo o espectro pop (como a novata Jessie J., que cantou antes dela). Não precisa de derramamento dramático, não precisa de covers esquizofrênicas; precisa de técnica, envolvimento, parecia dizer a já veterana Alicia, em ação desde 1985.
“E aí, Rio?”, disse a cantora, em português, após abrir com New York (no telão, um sóbrio skyline de Nova York para não perder o senso didático). Depois, com You Don’t Know My Name, ao piano Yamaha, afirmou a diferença entre profissionalismo e amadorismo – o som estava perfeito, cada frase das letras, cada inflexão vocal, cada instrumento era perfeitamente audível.
Na canção, Alicia brinca em um diálogo telefônico com um amante, que é interpretado por um bailarino. Era curioso o efeito, lembra as brincadeiras cênicas de algumas coisas da MPB, como O Telefone Tocou Novamente, de Benjor, ou O Telefone Chora, de Márcio José.
Listen To Your Heart veio a seguir, embalada em uma batida eletrônica, mas ainda mais envolvida na atmosfera de essencialidade. “Essa canção é sobre fazer coisas que você nunca imaginou que faria”, disse a cantora, antes de cantar Unthinkable, com um dos seus bailarinos fazendo o papel dramático de Drake, que a acompanha na faixa. A Woman’s Worth a levou ao piano branco de novo.
Alicia é uma cantora segura, com um timing perfeito entre espetáculo e entrega emocional, e seu show é conduzido com brilhantismo por uma banda de alta octanagem. Talvez tenha sido um dos bons concertos do primeiro fim de semana do festival.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.