Alguns programas viram ?reféns?? do Ibope

Não é de hoje que a audiência influencia diretamente o que é exibido na tevê. Há tempos as tramas das novelas, por exemplo, são modificadas de acordo com o gosto do público. Mas alguns programas exageram na importância dada ao Ibope e acabam se tornando "reféns" dos números. Ou seja, só colocam no ar aqueles quadros que dão audiência, mesmo que eles sejam de baixo nível e se tornem repetitivos com o tempo.

O programa Eu Vi na TV apresentado por João Kléber nas noites de segunda-feira, na Rede TV!, é um caso clássico desse tipo de submissão excessiva ao Ibope. Inicialmente, era um programa de variedades como tantos que existem por aí: exibia entrevistas e ao mesmo tempo não perdia a oportunidade de explorar a desgraça alheia com quadros que usavam e abusavam da lavação de roupa suja. Mas um bizarro quadro, chamado "Teste de Fidelidade" se destacou. E hoje domina inteiramente o programa.

 João Kléber só esqueceu de um detalhe: trocar o nome do programa. Já que não sobrou nenhum resquício dos outros quadros exibidos pelo "antigo" Eu Vi na TV. Hoje o programa alcança sete pontos de média e 10 de pico só mostrando homens e mulheres se agarrando com pouca ou nenhuma roupa. Mais uma prova de que apelar para os baixos instintos humanos continua sendo uma arma infalível para atrair a audiência. Além de cafajeste e obsceno, o quadro que virou programa também é para lá de manjado. Toda segunda-feira é a mesma coisa. A produção não se dá nem ao trabalho de mudar as armadilhas para "pegar" o parceiro traidor com a boca – por assim dizer – na botija. Num claro sintoma de economia de criatividade, o quadro sempre simula uma situação de entrevista para um emprego. O final também é sempre o mesmo: muita baixaria e esfregação de corpos seminus, tudo sob a trilha sonora dos impropérios do suposto conjuge traído. Mais infame, impossível.

Destaques lamentáveis

Outro que está indo pelo mesmo lamentável caminho é o Show do Tom, da Record. O programa estreou no final do ano passado com a proposta de mostrar o lado apresentador de Tom Cavalcante. Por isso, exibia diversos quadros de entrevistas e até alguns bastante esdrúxulos, como o "Cantando Pra Cachorro", no qual o dono submetia seu cachorro a ouvir Tom Cavalcante cantando. Mas a audiência subia mesmo quando o humorista fazia suas imitações. Não é à toa que hoje o programa é quase que totalmente dominado por paródias. Na quinta-feira, dia 23, o programa exibiu o primeiro episódio de O Infeliz 2, uma primária sátira de O Aprendiz, apresentado por Roberto Justus. Mas as imitações não param por aí. Além de Tompete Justus, Tom aparece, por exemplo, como Silton Santos, Tomberto Carlos e Tom Tom Soares. Assim, em alguns dias, o programa tem conseguido alcançar 10 pontos de média, conquistado a vice-liderança no horário. É claro que Tom se sai muito melhor como humorista do que como apresentador, mas ficar assistindo todos os dias um programa recheado de sátiras enjoa, ainda mais porque muito dos programas e dos tipos imitados já são originalmente insuportáveis.

E a Record parece mesmo decidida a conquistar consideráveis índices de audiência. Tanto que o Programa Raul Gil, exibido nas tardes de sábado, é outro que está totalmente guiado pelos números do Ibope. Antigamente, o programa exibia "games" entre artistas e sempre recebia cantores e grupos musicais. Agora, usa praticamente todo o seu tempo para mostrar calouros. Dessa forma, o programa consegue alcançar, em alguns momentos da tarde, o primeiro lugar no Ibope e em outros empatar com a Globo. O apelativo quadro Quem Sabe Canta, Quem Não Sabe Dança, recheado de adolescentes e crianças, dura quase que o programa inteiro.

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