Algumas trovas que minha mãe me ensinou

1

Farto de minhas quimeras,

quando a saudade em mim dói,

eu sinto, mãe, que tu eras

um sonho bom que se foi.

2

As vezes que a mãe murmura

“meu filho”, valem no céu

as graças com que se apura

a Graça que Deus lhe deu.

3

Sempre que as mães, de joelhos,

rezam pelas nossas faltas,

nós ficamos pais pequenos.

Ou elas ficam mais altas?

4

Diga o mundo o que disser,

o amor é o Sumo Bem.

Doce, se vem da mulher.

Divino, quando é de mãe.

5

Perto, sóis, ao longe, estrelas,

as mães não nos deixam sós.

Se vivas, moramos nelas.

Se mortas, vivem em nós.

6

Quando em murmuro a palavra

mais doce da língua, Mãe,

sobre a minha língua lavra

a douçura que ela tem.

7

Por hereje não me tomem

se porventura eu disser:

Jesus é Deus feito homem,

mãe é Deus feito mulher.

8

Um par luminoso arde

no céu, perpétua fogueira:

esposa, estrela da tarde,

mãe, astro da vida inteira.

9

Tudo corta, tudo alcança

a foice da morte adunca.

Menos as mães: na lembrança

dos filhos não morrem nunca.

10

Dentro do tempo que corre,

cujo fluir Deus governa,

tudo nasce, vive e morre.

Menos a mãe, que é eterna.

11

Não há no mundo, em verdade,

ser como a mãe. Jesus disse-o.

Pois do amor e da bondade

ela faz perpétuo ofício.

12

Misto da pomba e de flor,

estrela apontando o norte,

a mãe é a imagem do amor

o antídoto da morte.

13

São como um vitral de igreja

os olhos de minha mãe.

Por mais baixo que ele esteja,

mais do céu sua luz vem.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo