E o júri de ficção da 38.ª Mostra, integrado, entre outros, pelos cineastas Murilo Salles e Mariana Rondón, outorgou na noite desta quarta-feira, 29, o troféu Bandeira Paulista a Entre Mundos, produção alemã dirigida pela austríaca Feo Aladag. Na categoria documentário, o júri, integrado por Thom Andersen, premiou A Guerra das Patentes, também da Alemanha, de Hannah Leonie Prinzler.

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Foi a segunda vitória de Feo em São Paulo. Em 2010, a atriz que virou diretora recebeu sua primeira Bandeira Paulista por Quando Partimos, sobre mulher que foge a um casamento que a oprime em Istambul e se instala em Berlim. Como Entre Mundos, Quando Partimos também trata de afeto e choques culturais.

O novo longa da diretora mostra um pelotão de soldados alemães na Guerra do Afeganistão. Diferentemente de Kathryn Bigelow, que, quando filma a guerra, é para mostrar que sua direção de cena consegue ser mais ‘viril’ que a de qualquer macho, Feo não abre mão das sensibilidade. O que ela quer mostrar é a fragilização do herói. O comandante de seu pelotão passa o filme todo se desculpando. Quando resolve agir, o gesto, por mais bem-intencionado que seja, desencadeia uma estratégia equivocada. As vítimas são os próprios afegãos, e o garoto com quem o comandante se envolve (e que está na mira do Talibã). Entre Mundos é bom, senão exatamente grande.

Outra diretora – Hannah Leonie Prinmzler – também quer falar sobre uma guerra que a maioria nem sabe que ocorre, mas que atinge a vida de quase todas as pessoas do mundo. O documentário dela mostra como é possível patentear não importa o quê. Você poderia pensar que a patente, para salvaguardar o direito intelectual, aplica-se só às invenções. Que nada – das cores às plantas, dos animais aos genes humanos, as patentes viraram armas estratégicas de grandes empresas. E as consequências não são apenas econômicas. Atingem a qualidade de vida e até a luta por sobrevivência de pacientes de câncer. Daí a importância de A Guerra das Patentes, como proposta para reflexão.

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O público da Mostra premiou A História da Eternidade, de Camilo Cavalcanti, como melhor ficção brasileira, e Cássia, sobre a cantora Cássia Eller, como melhor documentário, também brasileiro. A crítica outorgou seu prêmio a Leviatã, do russo Andrey Svyagintsev. E a Abraccine, Associação Brasileira dos Críticos de Cinema, premiou Casa Grande, de Fellipe Barbosa, como melhor brasileiro. A repescagem da Mostra começa hoje e prossegue durante toda a semana no Cinesesc, com a apresentação de 27 filmes. Os premiados, e também algumas raridades, como o deslumbrante O Sol do Marmelo, de Victor Erice, de 1993, e Antes, o Verão, de Gerson Tavares, de 1968, que adapta o romance homônimo de Carlos Heitor Cony, com Norma Bengell e Jardel Filho suntuosamente filmados em P&B por José Rosa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.