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Além de ‘Pureza’, Dira Paes fala dos papéis nos novos filmes

Dira Paes reconhece que se jogou no papel de Pureza Lopes Loyola, e que procurou ir fundo na vida sofrida dessa mulher. “Sou mãe e entendo a luta dela em busca do filho. Por conta da profissão, eu, às vezes, tenho de me afastar deles, mas procuro compensar. Agora mesmo, aproveitando o período de férias escolares, eles estão comigo (aqui) no set de Pureza.” Dira se refere aos filhos Inácio e Martim, de sua união com o diretor de fotografia Pablo Baião. E o maridão? “Ele também trabalha muito, mas temos períodos de espera e inatividade profissional em que a prioridade é toda da família.”

Incansável, Dira tem atualmente, além de Pureza, dois outros filmes rodados e uma novela a caminho (leia nesta página). Os filmes são Divino Amor, de Gabriel Mascaro, e Veneza, de Miguel Fallabela. “Interpreto mulheres diferentes da Pureza (Santos Loyola), mas o bacana é isso. A diversidade me permite criar um espectro feminino bem amplo”.

“O empoderamento das mulheres não tem uma só cara”, ela explica. Veneza terminou sendo uma das mais inesperadas surpresas de sua carreira. “Miguel Fallabela é um autor dos mais conhecidos. Tem um elenco de mulheres maravilhosas que costumam trabalhar com ele. Eu nunca me imaginei participando desse universo, e aí o Miguel me chamou para o filme dizendo que a personagem tinha a minha cara e havia sido escrita pensando em mim.”

Veneza é o segundo longa de Fallabela, dez anos depois de Polaróides Urbanas, que é de 2008. Baseia-se na peça do escritor e dramaturgo argentino Jorge Accame e conta a história de uma cafetina cujo grande sonho é reencontrar o único homem que amou (e a quem tratou muito mal). Conta, para isso, com a cumplicidade das prostitutas que trabalham em seu bordel, e se juntam a um circo para fazer com que Gringa, a cafetina, possa encontrar seu amado, senão na realidade, por meio da fantasia. Fallabela filmou no Uruguai e na Itália – Veneza, claro. A almodovariana Carmem Maura faz a protagonista. Dira integra o grupo das prostitutas com Danielle Winits, Carol Castro e Georgina Barbarossa, muito popular na Argentina.

Com destacadas participações em filmes de Cláudio Assis, Dira Paes tem um apreço muito grande pelo cinema pernambucano. “Seus diretores têm uma pulsão muito forte (de vida)”, esclarece. Um desses grandes diretores, justamente com Assis, é Gabriel Mascaro, autor do belíssimo Boi Neon, com sua discussão dos papéis sociais de homens e mulheres. Com Mascaro, Dira fez Divino Amor. “Minha personagem é escriturária num cartório. Ela atende o setor de divórcios, é evangélica e usa seu conhecimento da Bíblia para o que considera a missão de sua vida – impedir que os casais se separem. No filme, ela participa do teste de elenco para uma produção evangélico-erótica que pretende mostrar que a sexualidade aumentada é a verdadeira garantia de uma família unida.” Ela contracena com Júlio Machado, que foi o Joaquim de Marcelo Gomes.

Três filmes – três diferentes retratos de mulheres. Pureza, Divino Amor, Veneza. A garota que começou como índia – A Floresta das Esmeraldas (1985), de John Boorman -, foi cangaceira (Corisco e Dadá, de Rosemberg Cariry, 1996) e professora (na novela Velho Chico), prossegue uma das carreiras mais belas do audiovisual brasileiro. Na cidade, na floresta, no sertão, Dira representa, com orgulho e talento, as muitas faces das mulheres do Brasil.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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