Conhecer a fundo como funciona a economia da tribo indígena Mbya-Guaranis, localizados em uma aldeia no litoral paranaense, é o que o leitor irá encontrar no livro A economia dos Mbya-Guaranis: troca entre homens e entre deuses e homens na ilha da Cotinga, em Paranaguá-PR, da jornalista e antropóloga Zélia Maria Bonamigo.
O projeto inicialmente era uma dissertação de mestrado em Antropologia Social da Universidade Federal do Paraná e acabou se transformando em livro. O material foi editado pela Imprensa Oficial do Paraná, com apoio da Secretaria de Estado da Cultura (SEEC) e é inédito acerca dessa tribo. O livro foi lançado no dia 19 de dezembro de 2009, na aldeia dos Mbya-Guaranis.
De acordo com a autora, o trabalho para levantar os dados levou dois anos e meio para ficar pronto. “Iniciamos o contato com a tribo dos Mbya-Guaranis em 2003.
Contamos com a colaboração destas pessoas em todos os momentos e isso foi fundamental para que esse projeto se tornasse um livro. Aliás, desde o início dos contatos, a tribo pediu para que fosse feito um livro para que pudesse mostrar às pessoas como funciona a economia deles”, conta. Zélia comenta também algumas particularidades da tribo.
Enquanto amamenta, índia lê o livro. |
“Eles utilizam bastante o sistema de trocas como economia. Entretanto, não é tão simplista quanto parece. Quando se dá algo em troca, como, por exemplo, um artesanato, além do produto em si você dá algo que a mais, isto é, você cria uma relação social, que, para eles, é muito mais importante do que qualquer produto”, explica.
O livro também aborda outros pontos da cultura dos Mbya-Guaranis, conforme diz a autora. “O livro é composto de oito capítulos e utilizei como referência a teoria maussiana, de Marcel Mauss (1872-1950), que aborda as trocas em sociedades arcaicas. Mas não fica preso somente a isso. Por exemplo, falo sobre o papel de seus oito deuses em sua economia, o fato deles estarem em constante movimento, como eles lidam com isso, entre outros pontos”, conta.
Para a jornalista e antropóloga, o trabalho significou mudança de alguns conceitos. “Para entender uma sociedade, é necessário que haja uma imersão nessa cultura. Foi isso que eu fiz enquanto realizava minha pesquisa. A partir da visão deles, passei a prestar mais atenção no ponto de vista das pessoas, coisa que não acontece muito na nossa sociedade, com características etnocêntricas. Foi um trabalho árduo, mas valeu a pena. O resultado estava dentro do que esperava”, afirma.O livro pode ser encontrado nas Livrarias Curitiba e na Livraria do Chaim ao preço de R$ 25,00.