Álbum traz obras raras de Chiquinha Gonzaga

Pioneira em diversos aspectos da vida cultural brasileira, a compositora, maestrina e pianista carioca Chiquinha Gonzaga (1847- 1935) ganha uma nova revisão do lado oculto de sua obra, sob um prisma paulistano. Do vasto acervo de cerca de 2 mil composições, os músicos Gilberto Assis e Ana Fridman – que assinam os arranjos e a direção musical do álbum “Chiquinha em Revista” (Selo Sesc) – escolheram, entre temas instrumentais e canções, peças raras como “Passos no Choro”, “Sultana”, “Cubanita” e “A Chinelinha do Meu Amor”. A única mais conhecida é o maxixe “Corta Jaca”, mas o inusitado é que aqui ele aparece em rara versão com letra, cantada por Ná Ozzetti.

Assis, baixista que criou os arranjos das seis faixas cantadas e assina a produção musical do CD, diz que a pesquisa que resultou nesse projeto foi “mais estrutural do que histórica”. Ele que não é especialista nem em Chiquinha nem em choro, o principal gênero ao qual o nome da mestra está associado, agregou vozes femininas ligadas à chamada vanguarda paulistana, como Ná Ozzetti, Suzana Salles e Vange Milliet, além de Rita Maria e Carlos Careqa. No texto do encarte, Chico César, paraibano que também faz parte dessa turma, relaciona essa “elegante visita” ao que o Grupo Rumo fez com a obra de Noel Rosa e outros sambistas antigos na virada dos anos 1970 para os 80.

“Passos no Choro” é o abre-alas do CD, com melodia e arranjo de uma leveza e uma beleza que, sem precisar teorizar a respeito, despertam imediato prazer como afagam a inteligência. O mesmo se pode dizer de “Sultana”, “Itararé” e tantas outras. Como bem lembrou Assis, Chiquinha tem sido mais falada sobre as ousadas atitudes feministas no início do século passado, mas o conhecimento que se tem de sua música é por meia dúzia de clássicos, como “Lua Branca” e “Abre Alas”.

Chiquinha compôs polcas, tangos brasileiros, maxixes, modinhas, valsas e escreveu 77 partituras para peças de teatro. São dessas peças de teatro de revista a maioria das faixas cantadas do CD, que tem shows de lançamento no Sesc Vila Mariana, em São Paulo, nos dias 11 e 12. Da opereta “Juriti”, de 1919, Vange canta “Sou Morena” e Rita, “Fogo Foguinho”. A mesma graça Ná e Suzana imprimem a “A Sertaneja” e “A Chinelinha do Meu Amor”, ambas da opereta “A Sertaneja”, de 1915. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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