Álbum resgata músicas de Gilberto Gil dos anos 60

O ano é 1962. Estamos em Salvador, na Bahia. Se nesse período era difícil fazer qualquer gravação no Rio de Janeiro ou em São Paulo, imagine no Nordeste. Pois foi lá, no estúdio de Jorge Santos, que um tal de Beto gravou sua primeira música. Num dia, um dos músicos do grupo Os Irapuãs faltou e alguém sugeriu convidar Beto para gravar. A turma foi buscar o rapaz de 20 anos na casa dele.

Muito tímido, Beto chegou ao estúdio e ficou dedilhando algumas canções próprias no violão. O pessoal gostou e o convidou para entrar no grupo, sem jamais imaginar que Beto, um dia, seria conhecido e admirado em todo o mundo pelo nome de Gilberto Gil.

Num resgate histórico, chega às lojas o álbum duplo “Retirante”, com 32 músicas da fase inicial de Gil. São gravações de 1962 a 1966 e o que se escuta é uma joia rara, com Gil com uma voz jovem, um pouco imatura, mas que já refletia o seu talento. Boa parte das gravações é feita em voz e violão e traz composições como “Roda”, “Me Diga”, “Moço”, “Ensaio Geral”, “Zabelê”, “Retirante” e “Cantiga”. A qualidade não é das melhores. O som é abafado e, em diversos trechos, os graves estão mal equalizados. Como são canções originais, dá para ouvir os bastidores, como, por exemplo, quando ele diz: “Essa canção se chama Beira-Mar. De Gilberto Gil e Caetano Veloso”. Gil acompanhou de perto esse resgate, feito pelo pesquisador musical Marcelo Fróes. As informações são do Jornal da Tarde.

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