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Álamo Facó estrela monólogo intimista

Não se trata somente de uma coletânea de histórias sexuais, mas de experiências sensoriais. Esse é o mote do espetáculo Trajetória Sexual, monólogo estrelado pelo ator Álamo Facó, em cartaz no Sesc Ipiranga até domingo, 11. A peça faz parte da Trilogia da Perda, projeto que reúne mais dois solos do artista, Talvez, de 2008, e Mamãe (2015). Com luzes apagadas, o espetáculo inicia com o relato do personagem ‘X’ sobre sua primeira atração por alguém do mesmo sexo. Ele percorre então por variadas experiências amorosas, descrevendo, em sutil poesia, cada etapa da intimidade com homens, mulheres, transgêneros, amigos e desconhecidos. Uma sala preta é o suficiente para a peça se imaginar em diferentes cenários, de boates lotadas a quartos vazios e lugares públicos, no Rio de Janeiro, São Paulo ou no exterior.

“A arte é um dos melhores espaços para falarmos sobre diversidade”, afirma o ator, de 37 anos. Ele conta ter usado mais de 15 livros para lidar com o tema. Entre os títulos, menciona O Erotismo, do francês George Bataille, O Homem Sentado no Corredor, da vietnamita Marguerite Duras, e Problemas de Gênero, da americana Judith Butler. No texto da peça, também há frestas para citar O Que É Lugar de Fala, da pesquisadora Djamila Ribeiro.

A intenção em assumir um tom político é objetiva. Enquanto envolve a plateia numa rota aventureira entre a lascividade e o afeto, ‘X’ também retrata seu convívio com o preconceito desde a infância. “No decorrer da história, ele sofre dificuldades por não conseguir se expressar. É um desafio se relacionar com a sociedade a partir da opressão”, conta o ator.

O repertório de Trilogia da Perda mostra que a própria biografia do ator é uma abundante mina de narrativas. Talvez, também em cartaz, aborda o surto psicótico de seu irmão, o sumiço de uma namorada e o uso incontrolado da internet nos anos 2000.

Já Mamãe, a terceira peça do conjunto, é fruto de uma jornada dramática durante os últimos seis meses de vida ao lado de sua mãe, a arquiteta Marpe Facó. Após uma cirurgia diagnóstica, aos poucos ela perde suas faculdades e transita entre símbolos de sonho e realidade. A peça chegou a virar livro pela editora Cândido. A edição foi lançada em maio deste ano.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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