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Alain Fresnot e sua história de amor e dor

Sempre preocupado com questões sociais, Paulo Betti aceitou participar da novela das 6, Órfãos da Terra, por abordar um tema dos mais relevantes – a questão dos imigrantes e refugiados. Mal sabia ele que viveria alguns dos piores momentos de sua vida durante as gravações. Na trama, seu neto foi sequestrado e sua ex, Eliane Giardini, e ele tinham de simular a dor. A dor era real – Eliane e Betti perderam o neto, na vida, vítima de uma doença fatal. Ele se havia preparado para o papel com base na história da própria família – “Meu personagem viveu um drama por ser jogador compulsivo. Tinha um tio, em Taubaté, que levou a família à ruína. Era viciado em briga de galos”, conta.

Betti conversou com a reportagem no lançamento de Uma Noite não É Nada. O longa de Alain Fresnot é daqueles que possuem um perfil considerado difícil. Não é comédia nem ação. É drama, e pesado. Betti faz um professor que se envolve com aluna. Fica obcecado por ela, que o despreza, ou assim parece. A garota não está nem aí para os códigos de comportamento. Masturba-se na sala de aula, faz jogo de sedução com o professor. Não tem família. É soropositiva. Nada fica muito claro. Como foi infectada, por quê? O foco é a obsessão do professor e o que ele faz, por amor.

Fresnot dedica Uma Noite não É Nada à sua mãe, que morreu há três anos. “Era uma mulher muito doce, tinha uma compaixão muito grande pelo sofrimento alheio.” A mãe do diretor inspira a personagem da mulher de Betti. Chama-se Januária e é interpretada por Cláudia Mello. Januária teria todos os motivos para odiar o marido. Nem ela nem a filha o renegam.
Todo o elenco é muito bom – Betti, Cláudia, Fernanda Vianna, que faz a filha, Daniel Hendler como seu marido argentino. E a garota Luiza Braga. Betti e Luiza têm cenas fortes.

É, até certo ponto, uma história de degradação por amor. Lembra o tom de certos filmes de Mauro Bolognini. Mauro quem? “Acho que conheço bem o cinema italiano, mas esse diretor é realmente desconhecido por mim.” Corredores de hospitais, a vida terminal. Uma Noite não É Nada poderia ser deprimente. A vida como ela é. Quando tudo parece perdido, só a compaixão salva.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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