Um dos maiores representantes da viola instrumental brasileira, o paranaense Rogério Gulin, se apresenta esse fim de semana em Curitiba, acompanhado do grupo Terra Sonora e do também violeiro Roberto Corrêa.

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As músicas do espetáculo são dos CDs Tempestade e orvalho, de Gulin, além de duas composições inéditas do músico. Está prevista também a participação de Victor, filho de Rogério, na música Caminhos do campo. Com apenas 12 anos, Victor já é considerado uma revelação na viola caipira.

Entre as músicas do show, Gulin tem carinho especial pela composição que abre o show, a inédita Despedida, com uma história que envolve perdas musicais e afetivas.

“Essa canção eu comecei a compor quando vendi uma viola que toquei durante muito tempo. E a música foi surgindo quando minha mãe ficou doente e morreu. Então tem a história desses sentimentos”, conta.

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O espetáculo, no entanto, não tem como característica o lamento caipira. A composição de Gulin tem uma sonoridade que incorpora elementos rítmicos de sua trajetória musical que começa no rock (principalmente na guitarra de Jimmy Page, do Led Zeppelin), passa pela MPB, pelo jazz e pela world music (que inclui músicas do Leste europeu, África e Índia), para chegar à música regional de viola.

“O que dá a característica na minha viola é essa pegada que vem do rock. E, ultimamente, com o trabalho com o Viola Quebrada e como professor é que começo a incorporar o ritmo caipira. Mas até então minha música não tinha cheiro de terra, tinha cheiro de plástico”, compara o violeiro.

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Para Gulin, a produção de viola caipira no Paraná aumentou bastante e o sucesso atual do sertanejo universitário pode contribuir para difundir o instrumento, que o músico considera o mais representativo do Brasil.

“Não gosto da mensagem do sertanejo universitário. É sempre a mesma coisa romântica, às vezes apelativa. Virou uma coisa meio americana. A sanfona virou teclado, a viola foi trocada pelo violão, desde os anos 1980. O que mantiveram foi cantar em dupla”.

Mas o violeiro aponta um fator positivo. “O mise en scène com viola que as duplas sertanejas fazem nos shows leva o público mais novo a querer conhecer quem foram pessoas como Mocinhas da Cidade e Tonico e Tinoco. Eu acho que estamos acabando com essa coisa de país sem memória. Hoje é muito fácil procurar informações na internet, onde tem até violeiro dando aula e isso é fantástico”, opina.

Mesmo com espaço menor de divulgação, Gulin diz que a viola tem o seu espaço. “Se tocar para 150, 200 pessoas está ótimo, a venda é de forma artesanal. Música de qualidade no Brasil hoje é o que está fora da grande mídia. Em Curitiba tem muita gente fazendo um bom trabalho. São ótimas cantoras, composições de MPB e de rock. Ainda não tivemos sucesso como acontece com atores que estouram nacionalmente, mas uma hora isso vai acontecer”.

Serviço

Rogério Gulin toca com o grupo Terra Sonora e com Roberto Correa. Hoje e amanhã, às 21h, no Teatro Paiol (Praça Guido Viaro, s/n.º). Ingressos R$15 e R$7,50 (meia entrada). Informações: (41) 3213-1340.