Enquanto juízes movem ações contra pessoas que tentam apontar infrações cometidas por eles no Brasil, do outro lado do planeta, na Austrália, um advogado diverte os magistrados ao fazer graça com os colegas de profissão deles na série Rake, que estreia nesta quinta-feira, 27, às 20 horas, no recém-lançado Sundance Channel. “Alguns juízes são viciados no programa”, garante o protagonista Richard Roxburgh.

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A trama mostra as aventuras de Cleaver Greene, um advogado cômico e obcecado por drogas, prostitutas e jogos de azar, cujo ganha-pão é defender canibais, homens-bomba e até estupradores, enquanto faz firulas no tribunal. “Ele joga as cartas certas e fica por cima”, explica Roxburgh, que além de atuar também é roteirista e produtor executivo da atração. Ele jura nunca ter tido problemas com os profissionais do Direito nem antes nem depois de Rake, que ganhará quarta temporada em sua terra natal. “Por sorte, sempre tive bons momentos com advogados. E meu sócio Peter Duncan (cocriador) é um ex-advogado. É bem polarizado, eles amam ou odeiam, pois se tratam como uma fraternidade.”

O australiano estava entediado com produções que retratam advogados quando desenvolveu Rake. “Nunca achei essas séries interessantes, elas nunca prenderam. Eu queria ter um papel bom e falei para meu amigo (roteirista) sobre o personagem. Cleaver é um bom homem, mas é corrupto e defende os indefensáveis. O problema são os demônios dele, o vício em drogas, sexo e jogo”, cita o ator. De acordo com ele, o público feminino se diverte com as cenas em que o protagonista, que apanha com frequência, entra em uma furada. “As mulheres gostam de vê-los se dando mal porque ele merece”, contou ao Estado por telefone.

Internacional

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Premiada na Austrália, Rake fez tanto barulho por lá que ganhou uma versão homônima nos Estados Unidos, estrelada por Greg Kinnear (o pai em Pequena Miss Sunshine), exibida no começo deste ano, na Fox. Richard Roxburgh atuou como produtor a distância. “Para ser honesto, só assisti ao primeiro episódio. Não me interessei pela versão norte-americana. Fico feliz que exista, mas não vejo os programas que faço. Eu não me envolvo tanto, não tenho o dever de assistir. A melhor parte é que toda semana chegava um cheque para mim”, debocha.

O artista reconhece que a série não teve o mesmo desempenho de audiência nos EUA. “Não foi tão popular. Lá, eles tiveram de mudar, ter menos cenas de drogas. O programa ficou mais com a parte policial”, aponta Roxburgh. Apesar das sequências mais pesadas, a produção foi ao ar na TV aberta na Austrália. Segundo ele, a versão original é mais carregada no tom cômico. “Nosso sistema legal é diferente. Na nossa, o tribunal é mais teatral. É uma herança do passado colonial”, compara. A série ganhará uma versão francesa. “Vai se chamar Le Rake. Essa eu quero ver”, debocha.

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Com experiência em longas estrangeiros, Moulin Rouge, dirigido por seu conterrâneo Baz Luhrmann, Roxburgh afirma que a indústria audiovisual de seu país está em um bom momento, o que o leva a querer ficar por lá. “Temos bons roteiristas, há mais trabalho na televisão. Há mais pessoas divertidas no mercado”, alega. O ator diz não conhecer os programas de TV feitos no Brasil, porém, já viu poucos filmes nacionais. “Sou um admirador do Walter Salles, tenho muito respeito pelo que ele faz. Há alguns anos, dirigi o filme Romulus, My Father (2007), que foi baseado no trabalho dele.”