Adriana Esteves quer que sua personagem de Kubanacan fique com dois homens

Adriana Esteves está enfeitiçada pela Lola de Kubanacan. A atriz, dona de uma voz rouca, se diverte com o fato de Lola, personagem que tem um timbre agudo, viver dividida entre dois amores. Adriana confessa que até deseja um final inusitado para a personagem. “A Lola poderia acabar com os dois, o Enrico e o Esteban. Seria a Dona Flor de Kubanacan”, anima-se a atriz, referindo-se à personagem de Jorge Amado vivida por Sônia Braga no cinema e por Giulia Gam na tevê. Adriana também dá boas gargalhadas ao lembrar das cenas que já teve de fazer na pele da intrépida personagem. “Já parei de querer adivinhar as atitudes da Lola porque sempre me surpreendo”, afirma.

Na verdade, nem era para Adriana sequer ter concretizado a primeira parceria com o autor de Kubanacan. Lola era para ter sido interpretada por Letícia Spiller. Foi quase uma troca, no entanto. Babalu, de Quatro por Quatro, foi escrito por Lombardi para Adriana, em 1994. Mas, na época, a atriz recusou. Ela vinha de uma amarga experiência em Renascer, em que recebeu muitas críticas por sua atuação. “Agora eu quis retribuir a generosidade do Lombardi”, ressalta. Em sua décima novela em 14 anos de profissão, Adriana reconhece que só depois que começou a flertar com o humor é que ganhou prestígio como atriz. “Mas não quero ficar restrita a um tipo apenas de personagem”, frisa.

Casada com o ator Marco Ricca – com quem tem um filho, Felipe, de 3 anos -, Adriana garante que não tem mais nenhum problema em atuar nas mesmas produções que o marido, embora em Kubanacan os dois ainda não tenham contracenando juntos. No início do casamento, a atriz confirma que existia o receio de que o convívio de oito meses em uma novela pudesse prejudicar o casamento. Por isso, antes de Kubanacan só haviam estado no mesmo elenco em Renascer, de 1993, em Razão de Viver, no SBT em 1996, e no filme Tiradentes, de Oswaldo Caldeira. “Após 10 anos, só um furacão para abalar nosso casamento”, assegura Adriana.

P – Como é viver uma personagem que não é heroína típica mas também não é vilã?

R – Neste sentido, Lola é um achado para o que se convencionou chamar de heroína romântica. Eu já fiz várias delas e posso dizer que a Lola é diferente. Porque com as heroínas românticas chega uma hora em que o próprio romantismo acaba cansando o público e até mesmo o ator. As heroínas românticas ficam boas demais. E a Lola tem justamente este humor que a salva destes momentos chatos, muito açucarados. Por outro lado tem falhas trágicas de caráter, pouco comuns para as heroínas. Lola é cheia de defeitos e acaba sendo divertida por isso. Ela não tem o menor problema em ser contraditória e isso a aproxima mais da realidade humana do que o mundo fantasioso das heroínas. E o Lombardi constrói tudo de maneira surpreendente. Quando acho que Lola vai se enquadrar por determinado motivo, ele vai lá e dá a volta. Não tem mais nada prazeroso do que isso para mim em uma novela.

P – Afinal com quem você gostaria que a Lola acabasse a novela?

R – Quem decide isso é o Lombardi. Mas confesso que, pessoalmente, queria muito que a Lola acabasse com os dois: Enrico e Esteban. Acho que pelo próprio perfil humorado da novela dá para terminar assim, pois Kubanacan não é uma novela baseada na realidade. Eu seria a Dona Flor de Kubanacan.

P – Cantar na pele da Lola e não utilizar dublagem é corajoso de sua parte. Você fez questão de cantar?

R – Na verdade, não iria cantar. Até porque não sei. Mas o nosso preparador musical me viu cantarolando nos bastidores e garantiu que eu poderia cantar sim. Nunca imaginei que isso fosse acontecer comigo. Então fomos fazer testes no estúdio e comecei a ter prazer em cantar. E é como se fosse uma cantora mesmo. A gente escolhe os tons corretos para a minha voz, os arranjos adequados, as melhores versões. Acharam interessante e eu também. Até porque sou eu interpretando a Lola como cantora. Porque a minha voz é mais grave e a personagem tem aquele agudinho. Me divirto muito cantando na pele da Lola.

P – Você conseguiu prestígio como atriz na pele de personagens com forte toque de humor, como a Sandrinha de Torre de Babel e a Catarina e O Cravo e a Rosa. Pode-se dizer que você achou a sua praia?

R – Olha, eu tenho cuidado para não ter este negócio de que cheguei a algum lugar. Eu nunca boto fim em nada. Também não tem esta de fórmula, pois não quero ficar restrita a um tipo apenas de personagem. Mas concordo que quando mergulhei mais no humor comecei a ter mais prestígio como atriz.

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