‘Adeus Primeiro Amor’ retrata a dor da separação

A separação, o amor não correspondido, o envelhecimento, a solidão e o luto são temas recorrentes na filmografia da diretora francesa Mia Hansen-Love, de 30 anos, que já fez “Tudo é Perdoado” (2007) e “O Pai dos Meus Filhos” (2008). Em “Adeus Primeiro Amor”, que estreia hoje, a diretora dá sequência aos seus assuntos favoritos e conclui essa espécie de trilogia sentimental cinematográfica.

O longa conta a história de Camile (Lola Créton), uma garota de 15 anos, que namora Sullivan (Sebastian Urzendowsky), de 19. O dois estão vivendo pela primeira vez o amor. Mas Sullivan tem outros planos. Ele pretende viajar durante um ano pela América Latina. A separação se transforma num drama insuportável para Camile. Por alguns meses, ela aguenta a distância por meio de cartas enviadas pelo namorado, até que a frequência delas vai diminuindo até cessarem por completo.

A traumática separação, aliada ao fato de se tratar de seu primeiro amor, marca profundamente a garota. Isso, no entanto, não impede que ela siga sua vida adiante. Quatro anos depois, ela entra para a faculdade de arquitetura e acaba se apaixonando pelo professor, com quem vai morar. Até que Sullivan volta a fazer contato com Camile. Os dois estavam afastados desde a viagem dele para América do Sul. Com o retorno dele, também vem à tona o amor que ela sentia.

Visivelmente mais madura, a personagem de Lola Créton se mostra uma pessoa centrada, focada no novo trabalho de arquiteta, mas não consegue controlar a arrebatadora paixão que sente por Sullivan. Destaque para as atuações de Lola e Sebastian. Os dois atores formam a espinha dorsal da história e demonstram uma boa química como casal. Lola, que tem apenas 17 anos, convence inclusive nas cenas mais difíceis, como quando aparece completamente nua, em uma cena de sexo. Além disso, a sensível direção de Mia Hansen-Love conduz a bucólicas paisagens pelo interior da França, por entre campos verdejantes e cachoeiras paradisíacas. Tudo isso colabora para deixar o longa esteticamente bonito e apaixonante.

O que pode, no entanto, entediar a plateia é o ritmo lento e contemplador com que a história se desenrola. Em certos pontos, o filme se arrasta e o dramalhão da personagem principal acaba provocando certo aborrecimento.

A diretora Mia Hansen-Love já ganhou o prêmio especial de Cannes em 2009, dentro da Mostra Um Certo Olhar, pelo filme “O Pai dos Meus Filhos”. Por “Adeus Primeiro Amor”, ela ganhou o prêmio especial do júri do Festival de Locarno deste ano. No mês passado, o filme também foi exibido no Festival Internacional de Cinema de Paraty, no Rio. As informações são do Jornal da Tarde.

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