“Adeus à Rainha” abre 62º Festival de Cinema de Berlim

É bom não apostar muito no glamour. Com o inverno europeu batendo recordes de temperaturas negativas, vai ser difícil alguma beldade se aventurar com decotes generosos pelo tapete vermelho do 62.º Festival de Berlim, que começa hoje, por mais aquecida que seja a entrada do Palast. Mas você pode apostar que as temperaturas estarão elevadas na Berlinale de 2012. No ano passado, o festival presidido por Dieter Koslick promoveu uma série de protestos e debates sobre a prisão de Jafar Panahi no Irã, e uma cadeira ficou vaga durante todo o evento, representando a impossibilidade de o cineasta participar da programação como jurado.

Este ano, Berlim, fiel à sua vocação política, volta-se para a Primavera Árabe. Há um ano, os acontecimentos na Tunísia e no Egito estavam redesenhando a geopolítica do mundo árabe. Logo em seguida veio a campanha pela deposição de Muamar Kadafi na Líbia e, agora mesmo, o estado de guerra civil permanece na Síria. A Berlinale põe o foco no mundo árabe. Documentários e ficções, assinados por diretores árabes e de diferentes latitudes, estarão debatendo essas questões. Os convidados incluem o escritor marroquino Tahar Ben Jelloun, os diretores Mahmoud Hojeij (Líbano) e Nadia El-Fani (Tunísia/França), o jornalista Mohamed Ali Atassi (Síria/Líbano), a curadora egípcia Sarah Rifky (Egito), o ativista sírio Hala Al Abdallah e, surpresa, o ator e produtor espanhol Javier Bardem.

O maior astro da Espanha – o pai do filho de Penelope Cruz – vem discutir como a Espanha, um país em crise, pode participar das mudanças. A política dá as cartas, mas o festival não seria de cinema se não houvesse os filmes. De cara, Berlim apresenta duas grandes atrações. O longa de abertura é o francês “Adeus à Rainha”, de Benoit Jacquot, com Diane Kruger e Lea Seydoux, e na sequência Stephen Daldry e sua trupe vão mostrar “Tão Perto e Tão Longe”. Na última vez que a França abriu a Berlinale, o filme era “Piaf, Um Hino ao Amor” e Marion Cotillard fez o sucesso que todo mundo sabe. Jacquot é um radical da revolução estética.

Cerca de 300 mil ingressos já foram vendidos – numa Europa em crise, mas na qual a chanceler Angela Merkel assume a liderança das iniciativas para manter a região unida, a Berlinale de 2012 já é um sucesso. Os números são todos superlativos – 4 mil jornalistas, 19 mil participantes e convidados de 115 países. E os filmes – 18 em competição pelo Urso de Ouro, mais centenas distribuídos pelas diversas seções paralelas. O Brasil não compete este ano. Quer dizer. As cores do Brasil integram um dos filmes da competição, o português “Tabu”, de Miguel Gomes, que tem, inclusive, um ator brasileiro – de São Paulo – no elenco. Ivo Muller integra o elenco das peças “Doze Homens e Uma Sentença” e “Cartas a Um Jovem Poeta” (baseada nos textos de Rainer Maria Rilke). E, claro, “Xingu”, de Cao Hamburger, e “Olhe pra Mim de Novo”, de Claudia Priscilla e Kiko Goifman, estão no Panorama e no Panorama Especial, respectivamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo