Dom Quixote um, dos personagens mais famosos da literatura mundial, ganhou uma adaptação teatral bem brasileira, realizada por Ruy Guerra, que chega aos palcos interpretado pelo ator Edson Celulari e grande elenco.
A peça Dom Quixote de lugar nenhum, com direção de Ernesto Piccolo, terá única apresentação em Curitiba neste domingo, às 19 horas, no Guairão. Encenada em formato de cordel, com músicas originais de Fernando Moura, executadas ao vivo, a comédia musical comemora os 400 anos da obra original de Miguel de Cervantes, escrita em 1605.
Dom Quixote de lugar nenhum se passa no árido sertão nordestino, entre costumes e problemas sociais típicos do universo brasileiro. Na versão de Ruy Guerra, o personagem se depara com São Jorge no sertão. A aventura é apenas uma das inúmeras do cavaleiro, que com sua peculiar forma de ver o mundo, segue pelo agreste ao lado de Sancho Pança (Lourival Prudêncio), em busca de seus sonhos: a amada Dulcinéia del Toboso (Fabiana Pirro); matar um dragão e fazer justiça no mundo.
Aos 30 anos de carreira, e 50 de vida recém-completados, Edson Celulari considera esse desafio o maior de sua trajetória nos palcos. Não apenas como ator, pois na peça ele também é responsável pela produção. ?Foi grande e trabalhosa. Não foi fácil encontrar alguém para a adaptação de obra tão comprometida, considerada uma das mais importantes escritas pelo homem. Ela está no inconsciente coletivo e Ruy Guerra aceitou o desafio?, afirma.
A peça, que está em turnê pelo Brasil, tem recebido elogios de público e crítica. Celulari acredita que o desafio da adaptação foi transpor a literatura para o teatro. ?A dúvida era como fazer esse personagem que é um mito. O melhor caminho foi tentar despreparar o espectador do suposto clássico. Resolvemos desconstruir o personagem. Somos 13 em cena e o espetáculo toca muito o espectador. Estou orgulhoso?, declara o ator/produtor.
Atualmente Celulari é protagonista da novela das sete. Isso, contudo, não impede de levar sua carreira como ator de teatro. Pelo contrário. Para ele o teatro é seu espaço maior como artista. ?Gosto de fazer tudo. Mas o teatro é onde posso fazer escolhas. Na televisão, o arquétipo para o qual mais me chamam é o de galã. Se baseasse minha carreira nesse conceito sairia perdendo. É uma luta contra o tempo e não posso me prender a este ou aquele padrão. Quero ser ator até cem anos?, deseja.
Sobre os futuros projetos Celulari despista. ?Sou essencialmente um ator. Não tenho hoje a pretensão de dirigir filme ou projeto na TV. A única coisa que escrevi na vida foi um texto péssimo, quando jovem. Para a sorte do teatro brasileiro, desisti. Dirigir cinema também não tenho vontade, talvez algo no teatro, no futuro. É preciso ter opinião e a minha sempre vai para a interpretação. Não na direção. Se ocorrer, será naturalmente. Tem dias em que acordo sem os 30 anos de carreira, como se estivesse começando. Me sinto estimulado?, finaliza.
Serviço
Dom Quixote de lugar nenhum. Adaptação de Ruy Guerra do clássico Dom Quixote, de Miguel de Cervantes.
Direção de Ernesto Piccolo, com Edson Celulari e grande elenco. Domingo, dia 6 de abril, às 19 horas, no Guairão (Praça Santos Andrade, s/n.º). Ingressos: Platéia: R$ 70 e R$ 35 (meia entrada); 1.º balcão: R$ 60 e R$ 30 (meia entrada) e 2.º balcão: R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada). O valor da meia-entrada é válido para estudantes e pessoas acima dos 60 anos. Cartão do Teatro Guaíra tem 20% de desconto. Não serão aceitos cheques. A bilheteria do Teatro Guaira funciona diariamente do meio-dia às 21 horas. Classificação etária: 12 anos.
Informações: 3304-7982.