O ano de 2014 poderia ter sido trágico para o AC/DC. Uma das bandas mais bem-sucedidas da história do rock anunciava que o guitarrista Malcolm Young estava deixando o grupo por tempo indeterminado. Muito se especulou sobre o motivo do afastamento, mas, em setembro, veio a explicação: o australiano apresentava um quadro de demência, o que fazia com que ele tivesse perda total da memória. “Malcolm está sofrendo e sua família agradece muito por respeitarem sua privacidade”, dizia o conciso comunicado. O músico está internado em uma casa de repouso, em Sydney.

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Depois de 40 anos de estrada e mais de 200 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, seria este o fim do AC/DC? Não. Não para uma banda que já havia “ressuscitado das cinzas” por inúmeras vezes e superado até mesmo a morte de seu integrante mais icônico, o vocalista Bon Scott, em 1980. Sendo assim, Steve Young, sobrinho de Malcolm e Angus, substituiu o tio no comando das guitarras e o resultado surgiu de forma explosiva. O disco Rock or Bust, lançado em dezembro, mostrou que a força do grupo australiano continua intacta.

“Superação: esta é a palavra que melhor define a trajetória do AC/DC. A banda mudou minha vida e me ensinou a dar a volta por cima em relação a muitas coisas”, diz o jornalista britânico Jesse Fink, autor do livro Os Youngs – Os Irmãos Que Criaram o AC/DC, nova biografia da banda, que chega neste mês às livrarias. O lançamento oficial será nesta quarta, 15, a partir das 19h, na Livraria Cultura do Shopping Bourbon.

“Lembro que após um divórcio mal esclarecido, costumava ficar horas acordado, às vezes até as 4 h. Ainda amava minha ex-mulher, mas não podia estar com ela. Foi então que resolvi ouvir AC/DC. A música que escolhi naquela noite não foi Back in Black ou Highway To Hell, mas Gimme a Bullet, do disco Powerage (1978). Aquilo entrou na minha mente de uma forma tão louca. O tom potente, a energia crescente. O AC/DC pode reivindicar o título de maior banda de rock de todos os tempos”, complementa o autor.

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Os Youngs conta a trajetória da banda desde a sua fundação, nos anos 1970, até o estrelato. O foco da nova biografia, entretanto, é a família Young: Malcolm, Angus e George, os três irmãos.

A obra também traz algumas histórias obscuras da banda, como uma suposta overdose de heroína de Bon Scott nos anos 1970 (e de como os irmãos Young quase o demitiram da banda, por isso), passando pela revelação de que o baterista do primeiro hit do grupo, High Voltage, era, na verdade, um italiano chamado Tony Currenti, dono de uma pizzaria, e não Phil Rudd.

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Jesse considera muito difícil que Malcolm volte a tocar com o AC/DC. “Ele está com uma doença degenerativa e, pelo que ouvi de pessoas mais próximas, dificilmente vai voltar à ativa. Sei que os fãs não querem ouvir isso, mas o mais importante é deixarmos Malcolm em paz e esperar que ele possa se recuperar”, conclui.

O autor também não esconde sua preferência por Bon Scott. Para ele, o ex-vocalista é infinitamente superior a Brian Johnson, que entrou na banda logo após a morte de Bon e gravou um dos melhores trabalhos da banda, Back in Black. “Bon Scott foi o melhor vocalista do AC/DC e suas letras não podem ser comparadas às atuais. Seu vocal era muito superior ao de Johnson. Ele era incomparável ao vivo. Os discos que ele fez com AC/DC nos anos 70 são os melhores do grupo, embora eu ame o Back in Black. Não sou fã do Brian Johnson e não me desculpo por isso”, acrescenta. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.