Hoje é dia de os astros e as estrelas madrugarem em Hollywood. Às 5 h locais, no noticiário de TV – 11 h no Brasil -, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas anuncia os indicados para o Oscar 2014 para os melhores de 2013.
Depois do Globo de Ouro e das indicações para os sindicatos dos atores, diretores e roteiristas, podem-se fazer algumas apostas seguras. Os campeões de indicações, muito provavelmente, serão 12 Anos de Escravidão e Trapaça, que já venceram os prêmios da Associação de Correspondentes Estrangeiros de Hollywood, nas categorias drama e comédia. No Oscar, não existe a divisão por gêneros e também deverão ter bom número de indicações O Lobo de Wall Street, Ela e Clube de Compras Dallas.
Todos venceram o Globo de Ouro, em diferentes categorias que deverão se repetir no Oscar. No ano passado, o recordista de indicações – Lincoln, de Steven Spielberg – foi o grande perdedor na premiação final, porque ganhou somente o prêmio de ator para Daniel Day-Lewis. Haverão vozes para contestar o que vai escrito a seguir – tirando o physique du rôle, não havia nada de excepcional na interpretação de Day-Lewis para justificar que ele fizesse história no Oscar, como único ator – o único! -, em todos os tempos, a vencer três vezes o prêmio. É uma realidade – uma maldição? – do prêmio da Academia. Nos últimos anos, com raríssimas exceções, os campeões de indicações têm saído da festa com um ou dois prêmios (de consolação?).
12 Anos passou por esse sufoco no Globo de Ouro. Indicado em várias categorias, o longa de Steve McQueen foi perdendo em todas – para ganhar a principal, de melhor filme (drama). 12 Anos não é só um acontecimento estético. É a culminação de uma tendência sociopolítica que tem recontado a história dos negros na América. Você pode ter se divertido com o spaghetti western de Quentin Tarantino – Django Livre -, mas 12 Anos é outra coisa. Num encontro no Rio, Spike Lee chegou a admitir que 12 Anos é o filme que gostaria de ter feito, mas sabe que não conseguiria fazer, sobre o assunto.
Havia gente se questionando na imprensa dos EUA – no The Los Angeles Times, no USA Today – sobre as chances de Leonardo DiCaprio. A maioria achava que ele não ficaria entre os cinco indicados, preferindo apostar no Robert Redford de Até o Fim, de JC Chandor. Após a vitória de Leo como melhor ator de comédia no Globo de Ouro – pelo Lobo -, parece mais seguro apostar no astro de Scorsese do que no eterno Sundance Kid. Bruce Dern, por Nebraska; Matthew McConaughey, Clube de Compras Dallas, e Joaquin Phoenix, Ela, dificilmente deixarão de estar entre os cinco indicados para melhor ator. Falta o quinto – Christian Bale, de Trapaça? Idris Elba, o Mandela?
Entre as atrizes, Amy Adams e Cate Blanchett, que ganharam o Globo de Ouro – por Trapaça e Blue Jasmine – têm cadeira cativa com Judi Dench (Philomena), Sandra Bullock (Gravidade) e Emma Thompson (Saving Mrs. Banks). A lista está fechada – será surpresa, se alguma dessas sair para dar lugar a quem quer que seja. Meryl Streep, embora poderosa como trágica em Álbum de Família – concorreu como atriz de comédia no Globo de Ouro! -, desta vez, leva todas as chances de ficar somente na plateia.
Os diretores indicados serão – David O. Russell, de Trapaça; Alfonso Cuarón, Gravidade; Spike Jonze, Ela; Alexander Payne, Nebraska; e Steve McQueen, 12 Anos.
Se algum deles tiver de sair para entrar Paul Greengrass, de Capitão Phillips… O. Russell, Cuarón e Payne são intocáveis. Jonze vai ser indicado e provavelmente vencer o prêmio de melhor roteiro original. Poderia ser descartado, embora ela seja muito bem dirigido. McQueen, homônimo do astro dos anos 1960 e 70, é o estranho no ninho. Vindo de outro nicho artístico – as artes visuais -, ele é um negro inglês que ousou colocar o dedo numa ferida da América. Isso gera ressentimento, mas se prevalecer o conceito artístico a disputa será entre Cuarón e ele.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.