Nesta quinta-feira, deverá ser anunciado mais um imortal entre nós. A Academia Brasileira de Letras vai escolher o sexto ocupante da cadeira de número 10, vaga desde o dia 23 de dezembro, quando o poeta alagoano Lêdo Ivo morreu, aos 88 anos, em Sevilha, na Espanha. Na disputa, estão 15 candidatos com diferentes perfis e trajetórias, mantendo a tradição da ABL de não restringir a disputa somente aos literatos.

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Um dos nomes mais fortes na eleição é o do escritor carioca Antonio Cícero, que mostra em sua extensa bibliografia uma desenvoltura para ir do erudito ao popular. Com uma produção literária que vai dos ensaios filosóficos às letras de músicas que fizeram sucesso no repertório de Marina Lima, irmã de Cícero, o escritor se candidatou incentivado por membros da ABL que gostariam de manter a cadeira ocupada por um poeta. Antes de Ivo, a cadeira, cujo patrono é o árcade Evaristo da Veiga, fora ocupada por Rui Barbosa, Laudelino Freire, Osvaldo Orico e Orígenes Lessa.

Cícero circula com frequência pelo Petit Trianon, participando de diversas atividades na sede da Academia – hábito semelhante ao do confrade Geraldo Holanda Cavalcanti quando ainda era apenas um candidato à cadeira deixada pelo intelectual José Mindlin, morto em 2010. Cícero agora enfrenta menos concorrências de peso, já que João Almino, diplomata e premiado escritor, que também havia se inscrito por sugestão de acadêmicos, desistiu da candidatura. Restam entre os poetas inscritos nomes como o do pernambucano Marcus Accioly, que conta com o apoio do primo Eduardo Campos, governador daquele Estado.

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Mas a favorita ao posto é a jornalista e escritora carioca Rosiska Darcy de Oliveira, a primeira a se candidatar, quando foram abertas as inscrições no dia 10 de janeiro, assim que terminou a Sessão da Saudade – ritual com que os imortais se despediram de Ivo. Autora de obras como “Elogio da Diferença”, Rosiska é presidente da ONG Rio Como Vamos e cria projetos para o desenvolvimento de lideranças femininas. Ela prefere conversar sobre a eleição só depois do resultado, “seja ele bom ou ruim”. Se o favoritismo se confirmar, Rosiska será a oitava mulher a integrar a Academia.

Atualmente, quatro delas ocupam cadeiras na ABL: a presidente Ana Maria Machado, em seu segundo mandato, que também quer aguardar o resultado da eleição antes de se pronunciar; Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a ABL; Lygia Fagundes Telles, eleita há quase três décadas; e Cleonice Berardelli, a mais nova a ocupar uma cadeira, em 2009. A única na disputa com Rosiska é a historiadora Mary del Priore, autora de 36 livros, que acredita que sua presença na instituição pode contribuir para que, com a visibilidade da ABL, novos leitores se interessem mais também por um outro tipo de história – a com H maiúsculo.

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Não há grandes restrições à inscrição para concorrer a uma vaga entre os ilustres integrantes da Academia – basta ser brasileiro e ter ao menos um livro publicado. O estatuto da ABL estabelece que a sessão deverá ter no máximo quatro escrutínios, e será eleito quem conquistar a maioria absoluta dos 38 votos possíveis. Caso nenhum dos candidatos conquiste os 20 votos necessários, a cadeira será declarada vaga, e os candidatos em potencial, independentemente de serem os mesmos ou não, terão um mês para se inscreverem. Nesse caso, deverá ser marcada uma nova eleição para julho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

OS CONCORRENTES

Rosiska Darcy de Oliveira

Antonio Cícero

Marcus Accioly

Diego Mendes de Souza

Felisbelo da Silva

José Paulo da Silva Ferreira

Blasco Peres Rego

Mary del Priore

Joaquim Cavalcanti de

Oliveira Neto

Carlos Alves Jr.

Wilson Roberto de Carvalho Almeida

Cezar Augusto da Silva Batista José William Vavruk

João Francisco Guimarães

Francisco José da Silva