A banda inglesa Echo & The Bunnymen ? que fez história nos anos 80, solidificando a música pop britânica da década ao lado de outros ícones como Cure, Smiths e Jesus & Mary Chain ? está de volta ao Brasil. E é na capital paranaense que o grupo inicia a turnê do álbum Siberia. Nesta sexta-feira (28), o Echo toca em Curitiba (Curitiba Master Hall), seguindo para São Paulo e Rio de Janeiro nas duas noites consecutivas.
Ian McCulloch (voz e guitarra) e Will Sergeant (guitarras) ? a dupla de compositores da banda ? continua encabeçando o grupo, que hoje conta com mais três músicos de apoio. No fim do ano passado, eles lançaram Siberia, o décimo álbum de estúdio da carreira ? que agora, em virtude dos shows no Brasil, está sendo editado por aqui pela Indie Records. O disco marca o retorno da parceria de Ian e Will com o produtor Hugh Jones, responsável pelos dois primeiros trabalhos do Echo.
Mas o que está mesmo sendo celebrado pelos fãs em Siberia é a volta à marca oficial dos Bunnymen, a sonoridade que no início de careira misturava traços de psicodelismo (sobretudo nas camadas de guitarras tecidas por Sergeant), climas soturnos (resquícios de muitas audições dos Doors, encotrados sobretudo em linhas de baixo e bateria) e uma melancolia suprema nas letras e vocais assinados por McCulloch. Faixas como ?Stormy Weather?, ?All Because Of You Days? , ?Parthenon Drive?, ?Everything Kills You? e ?Make Us Blind? remetem diretamente aos melhores momentos do Echo anos 80, antes do trágico acidente que vitimou o baterista Pete de Freitas e a conseqüente separação do grupo ? que durou até 1997, quando Ian, WIll e o baixista Les Pattinson (que logo depois se retirou do showbiz para tocar os negócios da família) decidiram reativar a banda.
Por telefone, de Liverpool, Will Sergeant falou sobre o novo disco, a volta aos trabalhos com Hugh Jones e a turnê pelo Brasil.
Por que vocês voltaram a trabalhar com Hugh Jones, o mesmo produtor do início de carreira, com quem fizeram os dois primeiros álbuns (Crocodiles e Heaven Up Here, respectivamente de 1980 e 1981)?
Nada foi muito intencional. A gente estava atrás de um bom produtor e o nome dele foi sugerido, entre mais alguns outros. Foi bom porque a gente já havia trabalhado com ele.
Muita gente diz que Siberia marca o resgate da sonoridade dos primórdios do Echo & The Bunnymen. Você concorda com isso?
Acho que não, até porque a gente hoje está fazendo algo que sempre fez e gostou de fazer. Se você perceber bem, nos últimos discos também havia o mesmo Echo do passado. Talvez o fato de estarmos trabalhando com Jones de novo chame a atenção para isso.
SIberia remete a uma região gelada situada entre a Rússia e o norte do Cazaquistão. No início de carreira, vocês chegaram a ir para a Islândia só para fazer a foto de capa de um álbum (Porcupine, 1983) em uma geleira? Isso é paixão por paisagens de baixíssima tempratura?
(Risos…) Não, apenas mais uma coincidência… (risos) ?Siberia? é o nome de uma canção É bastante sonoro e curto, gostamos muito. Por isso resolvemos colocar o nome de uma das faixas como o nome do disco, foi isso. Assim como porcupine (?porco-espinho?). É somente um nome…
Este é o primeiro álbum de músicas inédias do Echo desde Flowers (2001). Neste meio tempo vocês fizeram um disco e um DVD ao vivo, gravado em Liverpool, e se dedicaram a discos solo (ambos lançados no Brasil por outra gravadora, Sum Records). Ian lançou Slideling, mais próximo ao formato pop da banda, e você gravou Curvature Of The Earth, sob o nome de Glide. O que você trouxe desta experiência para a volta aos trabalhos com o grupo?
Bom, o trabalho com o Glide é bem diferente do que eu faço no Echo & The Bunnymen. No Echo eu lido com muitas guitarras e em Curvature Of The Earth eu toquei mais teclados e fiz programações eletrônicas. Foram poucas as guitarras. Foi algo bom porque me proporcionou algo diferente do que eu costumo fazer. E me fez voltar com muitas vontade de tocar guitarras como eu faço na banda.
O primeiro álbum do Echo & The Bunnymen saiu em 1980. São quase trinta anos de banda. O que mudou desde então?
Quase trinta anos depois, o que mudou é a nossa idade. Somos duas pessoas que continuam fazendo aquilo que sempre gostaram. Hoje temos quase 50 anos mas ainda gostamos de estar em uma banda… (risos) Mesmo quando a gente dá uma pausa para tocar projetos solos, como ocorreu nos últimos dois anos… (risos)
E o que vocês irão tocar nesta turnê?
A gente vai tocar algumas músicas novas e muitos sucessos de vários discos…
Por ser uma turnê brasileira existe alguma chance do show ser um pouco maior do que normal?
Não, praticamente fazemos a mesma duração por todos os lugares onde passamos. Tocamos por cerca de duas horas.
Então muita música boa deve ficar de fora do set. Como vocês lidam com isso?
É mesmo complicado… (risos) Mas acabamos tendo que optar por excluir alguma coisa sempre…
Vocês estiveram em Curitiba em 1999, durante a turnê do então recém-lançado What Are You Going To Do With Your Life. Você se lembra de algo da cidade?
Não… (risos) Sinceramente, não. O que eu me lembro do Brasil são as praias, o hotel e a cidade de São Paulo. É só…
È no vácuo do lançamento de Siberia que a dupla (o resto da formação são músicos contratados e sequer aparecem nas fotos promocionais) chega novamente ao Brasil nesta semana. São três shows de quinta a domingo: Curitiba (dia 28, no Curitiba Master Hall ? mais informações podem ser obitdas pelo website www.mundocuritiba.com.br), São Paulo (dia 29, no Credicard Hall) e Rio de Janeiro (dia 30, no Claro Hall). O disco ? lançado pela Indie Records, que, apesar do nome, é uma gravadora sem muita tradição no rock alternativo ? já está nas lojas e marca, um quarto de século depois, a volta do trabalho com o produtor Hugh Jones, o mesmo do primeiro e segundo álbuns da carreira, Crocodiles (1980) e Heaven Up Here (1981).