Aberto a novos estilos musicais

d14a.jpgFamoso por composições como Dinorah, Dinorah e Começar de novo, Ivan Lins deu dois verdadeiros shows no Teatro Guaíra este final de semana. Sorte de quem pôde desembolsar R$ 60 para acompanhar a apresentação da platéia, ou mesmo do segundo balcão, por R$ 40. Isto porque os espetáculos de boa qualidade acabam custando mais caro ao público. ?Deveria ser ao contrário, não é mesmo! Quanto melhor a música mais barata, assim o mercado não estaria cheio de tanta droga. Falou o louco né, mas sei que é utopia?, disse Ivan Lins em entrevista coletiva quinta-feira passada.

Contemporâneo de Chico Buarque, o cantor chegou aos sessenta anos no mês passado. Buarque começou a carreira e alcançou o estrelato antes de Lins – misturando humildade, alegria e carisma, ele confirma: ?Para mim é uma alegria dizer que o Chico foi uma grande influência musical, principalmente quando eu estava no começo?.

Passados 34 anos de carreira, o músico está numa fase receptiva a novos estilos; entre eles, jazz, rock e canções folclóricas. ?Ano passado participei de quatro concertos viscerais: junto a um músico italiano que alternava entre vários gêneros da música; com o saxofonista Stefano de Batista; o português Paulo de Carvalho, com muita qualidade tocava canções folclóricas, jazz e pop; e com a nossa querida Naná Vasconcelos?, contou.

Com uma agenda mais espaçada do que em anos interiores, Lins deve fazer cada vez mais experimentos e improvisos durante os shows. Talento musical comprovado, além de cultura, Ivan Lins deu opiniões a respeito de política e futebol. Torcedor do tricolor carioca, o Fluminense, afirmou torcer pelo Atlético na final da Libertadores da América contra o São Paulo, quinta-feira passada. Para infelicidade dos demais cariocas que como ele torciam contra o São Paulo, o troféu ficou com o time do Morumbi. Voltando à sua especialidade, a música, Ivan afirmou que o Brasil tem a música mais rica do planeta. ?A melhor literatura musical?, disse. Para ele, o grande desperdício é alimentar a indústria fonográfica com músicas descartáveis, que vêm para fazer sucesso comercial por um ou dois anos e depois desaparecem.

Sobre a política e a sociedade afirmou estar descontente pela forma como as coisas são levadas no país. ?O Brasil é muito rico, mas hoje o povo não é unido por uma causa como aconteceu na época da ditadura. A violência ética é monstruosa.? A educação e cultura, apontadas como pilares para a evolução de um país, foram lembradas pelo músico como um caminho a ser levado a sério, ?coisa que infelizmente é considerada como supérflua no Brasil. Se alguma verba precisa ser cortada a cultura é a primeira a sofrer desfalques?.

?Falar dos políticos e dos militares é complicado, sempre existem os que lutam por uma causa e os que só querem se aproveitar. Certa vez um ex-professor meu, que era militar, me convidou para jantar em sua casa. Eu fui. Fiquei impressionado com sua casona e a quantidade de objetos e produtos caros que possuía, apesar de nunca ter sido rico?, diz o cantor.

O escândalo do PT também não passou em branco na entrevista. Palavras de Ivan Lins: ?O PT deve estar cheio de ladrões, e políticos de outros partidos também, muitos estão nos roubando há anos. Não denuncio porque não tenho provas?. Para ele, o deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ), pivô da maior crise política do governo Lula, deve ter provas escondidas, se não fosse assim já o teriam calado. ?Não dá para ser como meu amigo Jorge Cajuru que sai falando as verdades sem prova, mas vontade não falta?, disse Lins. 

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