A volta do palanque eletrônico

Este ano, o “Programa do Jô” da Globo saiu na frente. Já se sentaram no sofá do “Gordo” os quatro principais pré-candidatos – Luís Inácio Lula da Silva, José Serra, Anthony Garotinho e Ciro Gomes – e até Enéas, que sempre rende uma boa piada. Marília Gabriela está logo atrás, e só ainda não recebeu Lula no “De Frente com Gabi”, do SBT.

Se os convidados são os mesmos, cada programa investe em características próprias para tentar oferecer ao telespectador algum diferencial, sobretudo em relação ao que ele é obrigado a ver no indigesto “Horário Eleitoral Gratuito”. “Procuramos mostrar o estilo do candidato, sem a maquiagem do marketeiro”, avalia Fernando Mitre, diretor de Jornalismo da Band. Mitre é um dos entrevistadores do “Canal Livre”, que já recebeu Ciro e Garotinho e tem agendados Serra – 16 de junho – e Lula – 23 de junho. Apresentadora do programa, Márcia Peltier acha importante para o processo político ouvir os candidatos. “É um espaço democrático importante, e o ‘Canal Livre’ teve um papel de destaque na história política brasileira”, analisa, lembrando a versão original do programa, considerada um marco na década de 80.

Saias justas

Para Franklin Martins, comentarista político da Globo, as entrevistas são importantes para que o brasileiro amadureça seu voto, já que a propaganda gratuita é uma via de mão única. “Diante de jornalistas e animadores, muitas vezes o candidato fica de saia justa e acaba revelando seus pontos fracos”, destaca.

Por falar em “Saia Justa”, o programa do GNT já conseguiu sabatinar Garotinho e espera um espaço na agenda dos demais candidatos. Fazendo jus ao nome do programa, as apresentadoras Rita Lee, Mônica Waldvogel, Marisa Orth e Fernanda Young encostaram o candidato na parede com temas como aborto, homossexualismo e relações familiares.

No caso de programas ao vivo, muitas vezes a “saia justa” acaba sobrando para o próprio apresentador. Serginho Groissman lembra uma entrevista que fez com Luiza Erundina no “Programa Livre”, do SBT. Luiza não era candidata, mas prefeita de São Paulo. Uma estudante perguntou se ela criaria uma lei para proibir a fixação de nordestinos na cidade. “Nessas horas é preciso ter um posicionamento claro em termos de bom senso”, lembra o apresentador, que respondeu energicamente à estudante. Hoje no comando do “Altas Horas”, da Globo, Serginho continua investindo na participação da platéia, e espera ter tempo para receber, ao menos, os candidatos do segundo turno. “A escolha da platéia é natural. Não trazemos o pessoal da UNE, mas o estudante médio, que tem um grau médio de politização”, assegura.

Aos jovens

Para despertar o interesse dos jovens, a MTV deixou os candidatos a cargo do apresentador mais escrachado da emissora. Nesta segunda, dia 10, vai ao ar a entrevista com Ciro Gomes, primeiro candidato recebido por João Gordo no “Gordo a Go-Go”. Para o rotundo apresentador, o projeto é um interessante desafio. Pela primeira vez ele está pesquisando a vida do entrevistado. “É uma boa oportunidade de mostrar que não sou só o malucão. Sou inteligente e posso fazer as coisas a sério”, avisa. A diretora de produção da MTV, Cris Lobo, lembra que os temas abordados saíram de uma pesquisa realizada pela emissora no ano passado com os jovens. “É importante que os jovens voltem a se interessar pela política. Estamos fazendo um programa baseado nos interesses deles”, afirma.

A possibilidade de um debate entre os principais candidatos ainda vem sendo estudada por algumas emissoras. A Band, primeira a realizar um debate entre candidatos à Presidência, em 1989, ainda tenta fechar uma data, mas já tem o encontro assegurado. Os convites estão formalizados e os candidatos já se mostraram dispostos. “Provavelmente será no dia 14 de julho ou no dia 4 de agosto”, adianta Fernando Mitre.

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