Com o acumulado de US$ 353 milhões em menos de um mês, Shrek 2 superou Procurando Nemo (US$ 339 milhões) no mesmo período e se converteu na animação mais bem-sucedida de todos os tempos na bilheteria.
A franquia Shrek já virou um fenômeno comparável a Harry Potter ou O Senhor dos Anéis. Assinada por um trio de diretores, Andrew Adamson, Kelly Asbury e Conrad Vernon, estréia hoje em centenas de salas do Brasil. Não é tão boa quanto o primeiro filme de série, mas você continuará divertindo-se bastante, especialmente quando estiver em cena um novo personagem que nem é tão novo assim no reino do faz-de-conta. O Gato de Botas é a sensação de Shrek 2. No original, fala com a voz de Antonio Banderas.
Shrek 2 integrou a recente competição do festival de Cannes, em maio. Desapontou muitos críticos, que acharam um tanto discutível o esforço do ogro para ser aceito pela família real de sua mulher. Pode ser que esse desejo de integração revele mesmo uma vontade de se ajustar às normas daquilo que se costuma chamar de “sistema” e isso não é o mais recomendável neste mundo marcado pelo consumismo desenfreado. A verdade é que Shrek, por mais que queira, não consegue se integrar e termina tendo de ser aceito como é. Nesse sentido, o segundo filme não chega a ir contra o que havia mais de interessante do primeiro.
Você se lembra – o original subvertia a moral de filmes como A Bela e a Fera, cujo sentido pode ser resumido na frase “Quem ama o feio, bonito lhe parece”. No caso de Shrek, o inusitado da coisa vinha do fato de que o ogro não vira um belo príncipe aos olhos de sua amada; ao contrário, era a princesa que se transformava em ogra na surpreendente cena final e só dessa maneira os dois conseguiam viver felizes para sempre. Para sempre? O início da continuação mostra justamente quanto a felicidade é uma coisa precária e tem de ser conquistada diariamente ou, pelo menos, de filme a filme.
Apesar das diferenças individuais, todos concordam que há uma animação que se situa miticamente sobre todas as demais. É Branca de Neve e os Sete Anões, que consolidou o império da Disney no fim dos anos 1930.
Shrek: politicamente correto
Quem já tinha se divertido com o primeiro Shrek não vai ter queixas desta continuação. De novo temos o ogro simpático, sua princesa encantada, Fiona, devidamente transformada em uma igual, quer dizer “ogra”, e mais o indefectível burro falante.
Desta vez, o que acontece é que Shrek, muito contra a vontade, vai visitar os sogros na terra de Tão Tão Distante. Claro que ele não é o genro dos sonhos do rei Harold e da rainha Lilian, mas esse não é o maior dos problemas. A encrenca é que a Fada Madrinha, viciada em fast food, deseja Fiona para mulher do seu filho mauricinho, o Príncipe Encantado. O filme é animado e divertido, sendo que a técnica parece ter melhorado em relação ao primeiro. Assim, as cenas ganham em perspectiva e realismo, cores e textura.